Expectável

|Hélio Bernardo Lopes|
Foi com toda a naturalidade que tomei conhecimento da desilusão que, nos termos do noticiado, grassa já no seio das vítimas de abusos diversos por parte de sacerdotes da Igreja Católica Romana. 

Uma desilusão que rapidamente se instalou em face da consideração de que os temas colocados à discussão que termina amanhã estão a anos-luz de garantirem um futuro com um mínimo de segurança, mas por igual não conduzirem à condenação dos reais culpados de quanto de podre possa ter tido lugar no seio da Igreja.

Nunca duvidei de que este movimento de protesto contra esta vergonha que se vem passando – tem de manter-se sempre, com intensidade variável – só foi possível a partir de fora, embora por iniciativa de vítimas de dentro. Pelo lado da estrutura da Igreja Católica Romana nunca se poderia vir a dar o movimento que já chegou ao ponto que se conhece e continua a descobrir.

Por ser esta a realidade, também sempre referi que este problema é um problema estrutural, derivado da própria forma como a Igreja Católica Romana se encontra organizada. O que significa que, com mui elevada probabilidade, o problema hoje em discussão, podendo vir a ser minimizado, não tem solução. E foi isso mesmo que as vítimas dos abusos, mormente as presentes em Roma, por rápido perceberam. No fundo, era preciso mudar algumas coisas...

Ora, qual é a razão inerente ao fracasso destas novas medidas? Bom, o facto de não ser a Igreja Católica Romana um Estado de Direito, onde todos os seus membros, e até os que o não sejam, se vejam tratados por igual à luz da lei canónica, da lei civil de cada Estado e das correspondentes ordens penais. Existem mil e um obstáculos a que se possa esperar justiça num ambiente desta natureza, até pelas diversas interfaces que o mesmo congrega em termos de jurisdições nacionais...

Por fim, e antes que nova vaga venha a chegar das diversas partes do Mundo, impõe-se que Francisco e os seus membros de confiança se determinem a levantar o que possa ter lugar no designado Terceiro Mundo, porque se a realidade é a que se vê no Primeiro Mundo, percebe-se que no outro tudo pode ser muito pior e imensamente mais variado em matéria de ilicitude. É essencial andar depressa e sem peias, embora a fé, que é inerente a cada um, nunca venha a ser posta em causa. E já agora: e por cá?

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