![]() |
|Hélio Bernardo Lopes| |
Como facilmente se percebe, este acontecimento não pode desligar-se de duas realidades, uma mais antiga, outra a decorrer neste momento: a procura, por parte dos Estados Unidos, de dominar o mundo e os seus povos; e a próxima eleição presidencial na Ucrânia. No primeiro caso inserem-se as mil e uma histórias papagueadas pela grande comunicação social do Ocidente, para quem a Rússia e Putin são sempre dois horrores, ao mesmo tempo que a CIA, a OTAN e os Estados Ocidentais são pleníssimos estruturas Democráticas de Direito... No segundo, também já se pode perceber que o presidente ucraniano – chegou ao poder através de um golpe de Estado, que derrubou o seu antecessor, que havia sido democraticamente eleito – precisa de criar fatores de apelo patriótico, a fim de parar o que se sabe, até aqui, ser uma derrota certa.
Certamente com a aquiescência dos Estados Unidos, o atual presidente da Ucrânia deitou-se a criar uma provocação, de molde a obrigar as autoridades russas a terem de recorrer ao mecanismo de legítima defesa, assim propiciando que os políticos e a grande comunicação social ocidental pudessem rapidamente apontar o dedo... à Rússia e a Putin. Nada de novo, portanto.
Simplesmente, cada um de nós tem o seu grau de memória. A maioria não esqueceu o caso do traidor e duplo Skripal, de parceria com sua filha, que nem chegaram a morrer, na sequência daquela historieta nunca completamente percebida sobre o suposto atentado russo – mais duas mortes era chato, como escrevi ao tempo. Bom, foi o bom e o bonito, com os Estados da OTAN e da União Europeia a estruturarem-se em autêntico dominó, com um a dizer para matar, e logo outro para esfolar. Chamaram-se embaixadores, expulsaram-se diplomatas, fizeram-se declarações, invariavelmente gongóricas, embora quase toda a gente percebesse que se tratava de uma amplíssima peça de teatro, escrita pelo Reino Unido. Um pouco como o que se passou com o dito furto de armamento de Tancos.
Neste entretanto, aí nos surgiu o caso do homicídio de Jamal Khashoggi, em pleno consulado saudita de Istambul, onde acabou por ser esquartejado, com os restos mortais espalhados por uma área vasta, certamente conhecida, mas dizendo-se o contrário. Até a CIA veio a terreiro salientar que o príncipe saudita, que comanda a Arábia Saudita, sabia do crime. E se diz nada ter sabido, é porque foi o próprio a encomendar o homicídio. Simplesmente, Donald Ttrump diz que as coisas não deverão ter sido bem desse modo, pelo que, num ápice, tudo ficou no domínio da brancura. À semelhança do que se deu, no Brasil, com o homicídio de Mariel Franco. Um pouco como o que se passa com o nosso concidadão Daniel Vera-Cruz Pinto, cujo paradeiro mundial se diz ser desconhecido. Ou como o homicídio da nossa concidadã Rosalina Ribeiro, que ninguém, por cá e pelo Brasil, consegue explicar.
Mais recentemente, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa relatou que numa reunião de Chefes de Estado lhe disseram que o vídeo da morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi circularia a nível de Estados, mas logo assegurando não ter visto o referido filme. Uma informação que foi referida ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa por certo político presente nesse encontro. À luz do que vem sendo relatado – até por Erdogan –, há um filme realizado pela secreta turca, que descreve como é que teria sido morto Jamal Khashoggi. Nada mais natural, para o que basta recordar, entre tantos outros casos, a histórica escuta colocada numa oferta soviética ao Embaixador dos Estados Unidos em Moscovo, e que até foi exibida no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
No meio de tudo isto, a reação dos políticos ocidentais foi um quase silêncio. Com os Skripal, que nem morreram, foi tudo um horror. Com Khashoggi, assassinado, esquartejado e escondido, a coisa não se conhece ainda bem. É o que nos garante Donald Trump, desvalorizando a informação da CIA, hoje comandada por uma mulher para quem a tortura é como canja. Enfim, somos comandados, a Ocidente, por autênticos papagaios da política. Um dado é certo: o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa deixou os restantes detentores de soberania do País a anos-luz. O resto é treta, mas já mui bem conhecida e dominada.