O Mundo sempre a rodar

|Hélio Bernardo Lopes|
É conhecido o movimento de rotação da Terra, sendo que também esta realidade se manifesta na dinâmica opinativa de cada um de nós. Nuns casos mais do que noutros, como é natural.

Vem isto a propósito da entrevista hoje concedida ao i por João Salgueiro. Uma entrevista sobre cuja globalidade talvez venha a escrever num destes dias, mas que chamou a minha atenção por via de uma conclusão sua ao redor do comportamento político dos portugueses e que se nos mostra logo na capo desta edição.

A dado passo da entrevista, o economista refere que os portugueses não raciocinam, ouvem um slogan e vão atrás. Bom, Salazar pensava isto mesmo, mas nunca conseguiria ser mais sintético numa tal temática.

Objetivamente, ao menos em Portugal, o que João Salgueiro agora nos diz é que a democracia é completamente inútil, dado que os portugueses não raciocinam. A perceção do economista diz-lhe que um slogan escutado pelos portugueses leva-os logo atrás.

Acontece que a esmagadora maioria dos portugueses nada sabe de Economia ou de Finanças. Não sabem nem estão interessados em saber. O que essa avalanche de portugueses pretende é poder ver problemas essenciais da sua vida serem resolvidos. É o que se passa com o acesso ao conhecimento, com a defesa do seu estado de saúde e com uma velhice que não se transforme num horror e numa desistência de tudo.

Para esta vaga amplíssima de portugueses a democracia vale muito pouco, a não ser que proporcione um grau mínimo de qualidade nas suas vidas. Incluindo a segurança de cada um. Percebem a democracia, e bem, como um instrumento que só tem valor se servir para garantir aqueles mínimos essenciais de bem-estar. É-lhes indiferente saber o verdadeiro saber económico e financeiro, até porque já todos puderam ver o amplíssimo grau de criminalidade que se movimenta no seio de tais domínios. Por cá e por todo o mundo.

Arrisco dizer aqui que a imagem dos economistas e dos financeiros de hoje, um pouco por todo o lado do nosso Planeta, é o de gente que só pensa em dinheiro e em lucro, raramente nas pessoas e em servi-las. Até o Papa Francisco teve já a oportunidade de apontar que esta economia mata.

Durante anos, a classe dos advogados era a apontada como servindo quem pudesse pagar, tivesse feito o que quer que fosse. Depois, vieram os militares, que se movimentariam numa denominada escola de vícios. Mais tarde, os próprios magistrados, deixando o Sistema de Justiça com uma imagem nunca imaginada. Hoje, porém, depois de quanto se vai vendo no mundo ao redor da banca e de todo o tipo de atividades correlativas, são os economistas e os financeiros que assumiram o lugar cimeiro do descrédito. Mais: acabaram mesmo por subjugar a própria classe política, chegando a atingir todo o restante tecido social. Até o Vaticano, mesmo sob o pontificado de Francisco, lá acabou por manter o dito Banco do Vaticano. E não esqueço nunca a resposta dada à revista STELLA por Adriano Moreira, ao redor da falta de lógica de possuir a Igreja um banco: acho que não, Cristo expulsou os vendilhões do Templo, não os quis lá.

Os portugueses percebem isto muito bem, desconhecem são as técnicas de manipular dos economistas e dos financeiros. Como tenho saudade daquele PRÓS E CONTRAS que juntou João Salgueiro e António Garcia Pereira...

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