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|Hélio Bernardo Lopes| |
Isto mesmo pôde agora ver-se com o alerta do FBI aos norte-americanos ao redor do Mundial de Futebol da Rússia: computadores e telemóveis estão na mira dos espiões russos. Bom, é provável e algo de natural. Tal como pude já explicar em vezes diversas, qualquer norte-americano que se desloque ao estrangeiro tem uma obrigação histórica de colaborar com as autoridades de espionagem dos Estados Unidos, se essa colaboração lhe for solicitada. Um norte-americano não dispõe do direito (de facto) de recusar uma tal colaboração, porque se o fizesse, de pronto passaria a ver-se perseguido por tudo e umas botas mais.
Como por igual se percebe com facilidade, este Mundial da Rússia constitui uma excelente oportunidade para se conseguirem contactos no domínio da espionagem a níveis diversos. Portanto, é natural que as autoridades russas procedam à correspondente ação de contraespionagem em larga escala. De resto, até futebolistas e técnicos podem proceder a certas ações com fins de espionagem ao serviço das autoridades do seu país. Sobretudo, ações ligadas à colocação de certos dispositivos técnicos em determinados lugares. É a coisa mais expectável no mundo da espionagem.
Acontece que este alerta do FBI transporta consigo uma extrema desfaçatez, porque as autoridades competentes dos Estados Unidos espiaram (e espiam) de modo maciço mil e um por esse mundo fora, incluindo políticos e tudo quanto possa convir aos interesses dos Estados Unidos. Basta recordar o que nos foi revelado por Julian Assange, primeiro, e por Edward Snowden, mais tarde. Ou seja: se têm a possibilidade de operar tais ações, fazem-no... As autoridades russas, que fazem o mesmo ou parecido, têm, naturalmente, de tomar medidas a fim de limitarem a ação dos espiões ocidentais, atualmente a atuarem maciçamente no território russo. Enfim, uma suprema desfaçatez dos políticos norte-americanos, líderes do Ocidente no mundo.