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|Hélio Bernardo Lopes| |
Depois de se ter podido acompanhar as cenas da tentativa infrutífera de entrada nas instalações do Sporting, a dúvida que se coloca é esta: e agora? Se a Mesa da Assembleia Geral se encontra em funções, se o mesmo se dá com o seu Presidente, se as comissões criadas por Bruno de Carvalho não têm existência legal e se a Comissão de Gestão a tem, qual a razão desta não se fazer acompanhar da força pública, a fim de dar cumprimento à tal apontada deliberação de certo tribunal? Haverá de compreender-se que há em tudo isto uma terrível marca caricatural.
Não é de hoje a minha explicação para cenas com o ridículo ora visto ao vivo: a ordem jurídica portuguesa é uma borracheira. E é a realidade: tudo pode muito bem ser nada; o que se poderia resolver num dia, pode acabar por levar anos; e tudo perdido num emaranhado de caudais de papelada cuja clareza pode ser posta em causa por quem tenha a arte e o engenho para o fazer.
Devo dizer que desconheço o pormenor dos conteúdos das tais mil e uma providências cautelares, mas conheço o que as mesmas podem, de facto, valer: tudo na mesma, quartel-general sempre em Abrantes. Ou bem me engano, ou o Sporting Clube de Portugal bem poderá ir de mal para muitíssimo pior... Ao que nos vai parecendo em crescendo, sempre com Bruno de Carvalho no poder executivo do clube. É a melhor imagem de que se dispõe do dito Estado de Direito Democrático em Portugal, quase mais de quatro décadas depois de se iniciar a III República Portuguesa.
Por fim, uma notinha: a seleção de futebol de Portugal, que hoje atuou contra Marrocos, é que é a verdadeira seleção de Portugal. Olhando o jogo sem paixões, Marrocos seria, indiscutivelmente, o justo vencedor. O que agora se viu é a repetição do que teve lugar na fase de grupos do Europeu de Futebol que, pelo acaso do golo do desaparecido Éder, acabámos por vencer. Infelizmente, não creio que no futebol, e a este nível, se possa acreditar na existência de uma sem duas. Faz lembrar a vitória da Dinamarca num outro Europeu.