![]() |
|Hélio Bernardo Lopes| |
Bom, acertei. E acertei porque era fácil conseguir tal. Objetivamente, tudo justificaria que as autoridades russas não se determinassem a proceder desse modo, até pela completa inutilidade da ação, para lá desta realidade simples: mesmo que tivesse sido eu o mandante da referida ação, seria sempre sobre a Rússia de Vladimir Putin que recairia a responsabilidade da mesma, dado estar aqui em causa um combate geopolítico mundial.
Num destes dias, sem um ínfimo de espanto, mas rindo com gosto junto dos que comigo se encontravam, tomei conhecimento de que os Skripal estariam a reagir a bom ritmo: já não iriam falecer... A verdade é que tal desenlace estava escrito nas estrelas, como usa dizer-se. Só por manifesto interesse, ou grande necessidade, se poderia dar crédito a uma farsa tão gigantesca e flagrante.
Estas foram, por igual, as reações que me assolaram nesta tarde de domingo, ao tomar conhecimento de que o MI6 britânico está a desenvolver conversações com os seus colegas norte-americanos da CIA ao redor da possibilidade de virem os Skripal a viver, no futuro, nos Estados Unidos, naturalmente com novas identidades e em lugar desconhecido. E sabe o leitor o que lhe digo? Pois, que tenho pena destes dois russos, mormente da jovem Yulia, filha do velho traidor e duplo.
Esta jovem talvez ainda só tenha uma ideia inicial do que vai ser o seu futuro, impedida de visitar tudo o que marcou a sua infância e juventude e de poder voltar a conviver com os seus familiares, amigos e conhecidos. A sua vida futura, objetivamente, vai ser a de uma aflitinha – perante o MI6, claro –, sem nunca saber se, num qualquer momento, será vantajoso para os Estados Unidos ou para o Reino Unido que aceite fazer dela isto ou aquilo. Terá aberto, com elevadíssima probabilidade, uma das portas do Inferno...
Um dado é certo: acertei cabalmente na minha previsão, ou seja, que os Skripal acabariam por sobreviver. Como então escrevi, duas vezes é chato – tinha Litvinenko no pensamento. E quem diz Litvinenko, diz o avião malaio que viajava de Amesterdão para o Pacífico Sul, ou esse outro caso do avião desaparecido, cuja causa – conhecida, claro está – nunca foi exposta publicamente, embora ainda se tenha tentado envolver no caso o Cazaquistão. Uma explicação para que os Estados Unidos aguardam melhores dias.
Por fim, o histórico e fatídico caso do avião da KAL, abatido por um caça soviético quando sobrevoava território do Oriente soviético, armadilhado com câmaras colocadas pela CIA, de molde a fotografarem-se novos complexos militares soviéticos. Quem desconhecia o que estava a passar-se eram os passageiros, que acabaram por ver chegada a morte de um momento para o outro e sem que nada tivessem que ver com as guerrinhas dos grandes interessados pelo dinheiro a qualquer preço. Enfim, tal como logo escrevi, os Skripal não vão morrer, o que mostra como foi um erro não ter jogado, nessa semana, no Euromilhões.