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|Hélio Bernardo Lopes| |
O tema, desta vez, foi a situação da União Europeia, mormente na perspetiva do seu futuro e do que se impõe realizar a fim de a tornar mais forte e, sobretudo, mais funcional.
Como se voltou de novo a poder ver, pouco se conseguiu em matéria de consenso. E a razão desta realidade é a que resulta de o referido modelo não ser suscetível de obter por absoluto consenso, mas também por uma realidade que foi referida, a dado passo, por Helena Matos: as populações dos Estados nacionais da União Europeia só se mostram leais com o seu Estado nacional, nunca com a União Europeia. A evidência.
Como sempre me pareceu e por igual expressei, a União Europeia foi sendo construída pela vontade circunstancial de uns poucos, invariavelmente por via de atos baseados em ideias míticas, longe da realidade, e sempre sem o consentimento dos povos envolvidos, a quem foi garantido o que nunca veio a cumprir-se.
Claro está que quem nasceu em Portugal e é português encontra-se de algum modo comandado por um conjunto de traços culturais que são os da portugalidade, nunca os do dito europeísmo. Basta olhar o modo como a generalidade dos portugueses continua a viver as vicissitudes das antigas províncias ultramarinas, com quem mantêm uma relação afetiva quente, e compará-la com o modo frio e distante como olham para cada um dos Estados da União Europeia e para esta mesma. No fundo, é o resultado da diferença que vai dos séculos às décadas.
Por fim, há um dado que não foi completamente explicitado no programa: a perda de soberania dos portugueses em favor da União Europeia seria naturalmente consentida e bem aceite se a mudança que se operou tivesse acarretado uma melhoria na garantia das condições de vida, ao invés do que já se vê de um modo claro. O que acabou por surgir foi a incerteza face ao futuro, a perda de dignidade no trabalho, bem como nas garantias antes existentes em domínios essenciais para a esmagadora maioria dos portugueses, como os da Educação, da Saúde e da Segurança Social. Infelizmente, desenvolveu-se o abismo social e financeiro.
E já agora: também Viriato Soromenho Marques voltou a salientar o que se passou na Líbia e na Síria, onde o Reino Unido, a França e os Estados Unidos criaram as desgraças que hoje se podem ver, sempre acompanhadas das lágrimas de crocodilo da propaganda ocidental, levada até nós pela muitíssimo má grande comunicação social que se vai mantendo. Basta olhar as mil e uma mentiras oportunistas que nos vão sendo contadas ao redor do que se passou, mais uma vez, com outro traidor russo – Serguei Skripal. Um verdadeiro isomorfismo do que se passou com a Líbia e a Síria, ou com os olhos fechados da dita Comunidade Internacional em face da política de Israel em construir um só Estado – o Judaico – na Palestina, com capital em Jerusalém. Quando a mentira política se torna a prática do dia-a-dia, as populações percebem tal realidade com facilidade. É por ser esta a realidade, que a generalidade dos povos europeus não sentem necessidade de se investir mais no domínio militar: não se sentem (e com toda a lógica!) ameaçados. Infelizmente, mente-se muito em política...