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Assim sendo, alguns sedimentólogos, entre os quais, o alemão J. Walther e o americano de origem alemã A. W. Grabau, no primeiro quartel do século XX, e os seus seguidores, os americanos G. M. Friedman e J. E. Sanders, cerca de meio século depois, consideraram estas acumulações vulcânicas como rochas sedimentares, incluindo-as nas rochas detríticas.
Porém, outros estudiosos nesta área, entre os quais me incluo, discordam deste critério. Com efeito, tais produtos são o resultado de uma actividade endógena (o vulcanismo) e não exógena, condição implícita no conceito de rocha sedimentar. As acumulações estratificadas de piroclastos não resultam de erosão e de transporte, tal como é definido em geodinâmica externa, mas apenas sofreram arremesso explosivo e deposição por gravidade. Assim, devem ser consideradas no âmbito das rochas vulcânicas e, portanto, no das magmáticas ou ígneas. Nestes termos, a concepção dos citados autores deve, pois, ser rejeitada como, aliás, o foi pela Comissão para a Petrologia, da International “Union of Geological Sciences” (IUGS).
Numa série como a do Complexo Vulcânico de Lisboa-Mafra, caracterizado pela alternância de escoadas de lavas basálticas e níveis piroclásticos (tufos e outros), a obediência ao critério de Walther-Grabau apontá-lo-ia como uma sequência de rochas alternadamente magmáticas e sedimentares, o que não faz qualquer sentido.
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A cidade foi quase instantaneamente soterrada pela rápida descida de um “lahar” vindo do vulcão Nevada del Ruiz, que vitimou cerca de 23 000 dos seus 30 000 habitantes. Os materiais resultantes da deposição destas escoadas já devem, com efeito, ser considerados rochas vulcano-sedimentares, tendo sido designados pela dita Comissão para a Petrologia, da IUGS, por epiclastos (do grego “epi”, superficial, por cima), quando ainda incoesos, e por epiclastitos, uma vez consolidados.
A.M. Galopim de Carvalho
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva