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|Hélio Bernardo Lopes| |
O tempo da Guerra Fria foi um período fértil em casos deste tipo, com a antiga União Soviética a ser apresentada no Ocidente como verdadeiramente diabólica, ao passo que este seria excelente, proporcionando a boa qualidade de vida agora a ser destruída. Desapareceu, claro está, a União Soviética, triunfando o neoliberalismo e a globalização.
Com a passagem dos anos, através de regras sensivelmente praticadas por quase toda a parte, muita da documentação ligada a tais acontecimentos vai sendo posta à disposição dos povos do mundo, sendo que a Psicologia (quase) assegura que desta prática não advêm contratempos para os criminosos e mentirosos de outro tempo. Precisamente o que agora se dá com um aspeto sinistro, em todo o caso corrente, das relações entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética.
Há algum tempo atrás, foram tornados públicos documentos sobre o assassínio do Presidente Kennedy. Nestes documentos incluem-se dados relativos a uma reunião que teve lugar em 22 de março de 1962, em que estiveram presentes membros diversos do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, e onde se discutiu uma sugestão do então Procurador-Geral norte-americano, Robert Kennedy.
A ideia ali levada por Bob Kennedy foi a de se fingir um ataque soviético aos Estados Unidos, a fim de justificar uma declaração de guerra destes à então URSS. Assim, Bob Kennedy propôs que os Estados Unidos adquirissem aviões militares soviéticos, ou fabricassem réplicas de Mig-17, Mig-19 ou Ilyushin Il-14, com eles atacando alvos norte-americanos e assim justificando o início de uma guerra com URSS ou seus aliados desse tempo.
Nesta reunião estiveram presentes, entre outros, o Presidente, o Procurador-Geral, o diretor da CIA – John McCone – e o Conselheiro para a Segurança Nacional – McGeorge Bundy. Por um acaso gracioso, também eram dois os Bundy nesta presidência de John Kennedy, tal como se dava com a nossa RARÍSSIMAS, ou com outras instituições. Até as mais diversas.
Acontece que o custo de fabrico de um qualquer dos aviões em causa era enorme, pelo que o mesmo foi posto de lado. Nestas circunstâncias, a CIA sugeriu fosse adquirido material soviético original, através de pilotos que desertassem, ou comprando-os a um país que não fizesse parte do Pacto de Varsóvia. De pronto, a CIA apresentou três cenários em que os aviões poderiam ser utilizados: operações para confundir pilotos inimigos em pleno ar; atacar instalações de países adversários; ou realizar uma operação de provocação, em que um avião soviético parecesse atacar os Estados Unidos, ou forças aliadas, de molde a fornecer uma desculpa para uma intervenção norte-americana.
Estes dados agora divulgados pelas autoridades norte-americanas, em termos que são correntes, mostram o que sempre se soube, mas igualmente se negava: os Estados Unidos foram sempre uma potência agressora, procurando, a todo o custo, dominar os diversos povos do mundo, deitando mão, se necessário, ao método utilizado pelos nazis na sua invasão da Polónia, que deu origem à Segunda Grande Guerra. Mas, enfim, a vida continua.