Dúvidas e apostas

|Hélio Bernardo Lopes|
Num dia destes – talvez na passada quarta-feira –, num qualquer programa onde se tratou o mais recente trabalho televisivo de Pedro Coelho, ao redor do designado Saco Azul do BES, surgiu esta questão, sucessivamente colocada aos convidados: quem acreditava que o caso GES/BES chegaria ao fim e teria condenados? A verdade é que ninguém se determinou a dar uma resposta.

Claro está que ninguém hoje, em Portugal, acredita que tal caso possa ver chegado o seu fim mais expectável: condenações a penas efetivas de prisão. O mesmo se dá com os casos que envolvem Domingos Duarte Lima ou outros elementos que tiveram funções políticas no âmbito do PPD/PSD, sobretudo no tempo em que Aníbal Cavaco Silva foi Primeiro-Ministro de Portugal.

Este sentimento é deveras antigo, existindo hoje a perceção pública de que os êxitos conseguidos na vigência de Joana Marques Vidal como Procuradora-Geral da República terão já atingido o seu máximo absoluto.

Pois, nesta passada sexta-feira lá surgiu um tão velho problema quanto a sua cabal ausência de resultados: os casos apontados, após o noticiário da RTP, de supostos negócios do fogo. Vão decorridas muitas décadas sobre tal tipo de notícias, referidas nas conversas correntes um pouco por todo o País, invariavelmente sem resultados dignos de registo. Objetivamente, o tudo em nada.

Na mesma semana, o regresso do dito caso “Tecnoforma”. Arquivado pelas nossas autoridades judiciárias por falta de provas, vimo-lo agora apontado pelas estruturas competentes da União Europeia como suportado, de facto, em ilegalidades e mesmo numa autêntica fraude. Sem espanto, a nossa grande comunicação social, se noticiou o caso, fê-lo a anos-luz, por exemplo, do caso da Operação Marquês. E no EIXO DO MAL, por exemplo, nem sombra dele.

O interessante no caso do GES/BES foi o mesmo ter sido colocado como que à votação em matéria de resultado final, ao mesmo tempo que nenhum dos presentes se determinou a dizer o que quer que fosse. E, quando comparamos esta ausência cabal de respostas com o que pensam os portugueses na sua generalidade, bom, percebe-se que a Revolução de Abril não só não fez desaparecer o medo de falar, mas acabou mesmo por acelerar (e muito!) a corrupção e todo o tipo de criminalidades. Nunca como hoje foi tão verdadeira aquela velha afirmação de que a sorte de um homem é escapar. A verdade é que temos a democracia, ao passo que antigamente tínhamos o fascismo...

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