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|Hélio Bernardo Lopes| |
Talvez a sondagem mais próxima do ato eletoral dava um empate entre Rui Moreira e Manuel Pizarro, tendo o primeiro chamado a atenção para o erro cabal que se continha nesse resultado, que veio a ser, depois do jogo, uma vitória de Rui Moreira com maioria absoluta... Se a memória não me atraiçoa, este terá sido, em Portuugal e desde sempre, o mais estrondoso erro proveniente de uma sondagem eleitoral.
Extremamente interessante foi observar como raríssimos terão tratado o assunto depois do jogo, sendo evidente que ninguém deixará de continuar a utilizar os serviços do Centro de Sondagens da Universidade Católica. De resto, a generalidade dos portugueses sempre se esteve nas tintas para as eleições e para as sondagens. Nunca, que me recorde, os portugueses se preocuparam muito cm a ideia da democracia, razão que levou a que, nas calmas, o regime constitucional da II República tivesse sobrevivido quase cinco décadas. Os próprios resultados eleitorais surgidos no tempo constituinte e na primeira eleição para a Assembleia da República mostraram que era esta a realidade. Uma realidade muito longínqua.
Naturalmente, as sondagens continuam. As das emmpresas e as de cada um de nós, recolhidas nas convivências correntes e através dos muito poucos que falam sobre política nas mesas contíguas dos cafés ou dos restaurantes. A própria juventude que frequenta hoje o secundário quase nada fala do tema, antes do futebol, real ou dos aparelhos eletrónicos.
A minha sondagem quase diária, operada em mais de cinco cafés e restaurantes distintos, diz-me que Rui Rio é muito mais aceite do que Pedro Santana Lopes. Em contrapartida, uma sondagem recente veio dizer que Rio e Santana estão empatados ao nível da opinião pública. Uma bota que não bate com a perdigota, se excetuarmos o facto do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa estar muito mais virado para Pedro do que para Rui – recorde-se o almoço. Compreende-se que seja assim, porque Rui Rio tem cabeça e só segue os seus ditames. Em contrapartida, Pedro Santana Lopes apenas foi assistente na mesma faculdade onde ensinava o Presidente da República, mantendo ainda a fraqueza de ter sido posto fora da governação pelo Presidente Jorge Sampaio, depois de um generalizado apoio de toda a grande ala político-social e com a grande comunicação social à perna a cada momento.
Também recentemente, uma sondagem veio mostrar uma ligeira maioria dos que disseram não confiar na Proteção Civil, em face dos que disseram confiar – 48 % contra 41 %. Uma diferença muito pequena e com muito pouco significado, tendo presente a campanha de aproveitamento dos sentimentos dos portugueses em face das tragédias que tiveram lugar e que, desejando-se que seja sem mortos, vão continuar. Qualquer português minimameente atento e inteligente percebe uma tal evidência forte, prenda-se ela com incêndios, com cheias, com falta de água, etc..
Por tudo isto, que se vem passando entre nós e vai continuar a ter lugar – tem sido assim quase todos os anos, com as expectáveis oscilações –, e também pelo que se tem podido ver em todo o mundo, é essencial que os portugueses se não deixem levar por sondagens. O recente caso da corrida autárquica portuense mostrou bem o que podem valer as sondagens. O que me leva a recordar ao leitor o nosso Vasco Santana: chapéus há muitos!!