Calem-se mas é, barretes há muitos!

|Hélio Bernardo Lopes|
O poder do mito é simplesmente fantástico, porque pode levar a ver branco onde está preto. Precisamente o que se está agora a perceber com a real eficácia da ação de António Guterres como Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas. 

O mesmo que, num outro âmbito, se percebeu já com a ação política de Adalberto Campos Fernandes como Ministro da Saúde. Realidades de que nunca duvidei, sobretudo no caso do primeiro, embora a ilusão ao redor do segundo tenha visto o seu fim, logo ao início do seu desempenho de funções, com o elogio do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa na Fundação Gulbenkian.

Como sempre teria sido percetível e facilmente expectável, as expectativas de uma participação mais ativa de António Guterres na cena internacional saíram defraudadas. Simplesmente, tinha de ser assim e Guterres sabia-o muitíssimo bem. Estranhamente, os jornalistas que acompanham as atividades da Organização das Nações Unidas a partir da sede, em Nova Iorque, esperavam que o Secretário-Geral, António Guterres, no cargo há um semestre, fosse mais interventivo na cena internacional. Objetivamente, foi sonhar acordado. E foi assim tanto pelas circunstâncias, como pelas caraterísticas do nosso concidadão.

Dizem os jornalistas acreditados nas Nações Unidas que a falta de visibilidade no seu novo cargo, protegendo-se da ribalta numa era marcada pelo barulho nacionalista e pela fanfarra política, tem sido uma desilusão. Simplesmente, o que realmente carateriza António Guterres é que fala em público com muita confiança, dominando os temas e mostrando-se confortável frente à imprensa. Uma realidade que gerou expectativas muito altas, mas que foram criadas completamente à revelia das caraterísticas da sua condução governativa em Portugal.

Se António Guterres vier a conseguir, como a Igreja Católica Romana tanto deseja, colocar a presença do religioso no seio da ONU, já será uma lança em África. De resto, com Trump ou sem ele, as Nações Unidas irão continuar a ser uma ponta de lança dos Estados Unidos. Só servem para realizar qualquer coisa se esta servir os interesses norte-americanos. Tudo o mais é falar por falar. E se os Estados Unidos continuarem na senda da decadência, como se vem dando há já muito, talvez a Organização das Nações Unidas possa servir como palco político central da Igreja Católica Romana. As coisas são como são...

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