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|Hélio Beranrdo Lopes| |
Esta realidade conduz-nos ao que se passou na Europa e em diversos outros lugares do mundo, no final da Segunda Guerra Mundial: sem o apoio externo das nações não atingidas, concedido em condições excecionais, os países destruídos só com muitos décadas ou séculos conseguiriam regressar à senda do desenvolvimento. E é algo de semelhante que tem de dar-se com os portugueses, sejam os que residem no território português, sejam os que se situam na grande diáspora lusitana. Até mesmo com os novos Estados que hoje falam a língua portuguesa.
Certo é que os portugueses têm respondido de um modo muito excecional ao que de si esperam as vítimas desta tragédia. Pelo meu lado, mal tomei conhecimento do número colocado à disposição dos portugueses por parte da RTP, de pronto realizei dois telefonemas, um por mim, outro pela minha mulher. E assim procederam, por igual, o meu filho e a minha nora, que fizeram do seu telefone da rede fixa quatro telefonemas para aquele número, por serem quatro os residentes na sua casa.
Foi com grande emoção que acompanhei a entrevista do nosso concidadão Jorge Tomás, de Castanheira de Pera, que tudo perdeu com o incêndio, ao nível da sua empresa, para que trabalhavam cerca de meia centena de castanheirenses. A minha neta, de nove anitos, que se encontrava à minha esquerda a assistir à entrevista, apercebeu-se do humedecimento dos meus olhos, de pronto me questionando, repetidamente, se estava a chorar. Estava, de facto, muito emocionado, e a sonhar com o que faria se pudesse muitíssimo mais do que posso.
Acontece, como no-lo diz um velho ditado popular digno de registo, que muitos poucos fazem muito. E é o que está já a dar-se, sendo essencial que tal movimento continue e se amplie. É essencial reconstruir as casas destruídas e repor os haveres essenciais, mas é também fundamental repor o tecido produtivo que foi destruído. Precisamente o caso da empresa de Jorge Tomás, bem como outros casos. E também manter de pé a restauração e as estruturas turísticas, o que, com um mínimo de imaginação, nem é difícil conseguir.
Convido, pois, a CIP, através do seu líder, António Saraiva, a operar uma recolha financeira destinada a apoiar o caso de Jorge Tomás e outros similares. E por igual solicito à Confederação do Turismo o apoio, do modo que entender, ao setor do turismo dos concelhos atingidos, o que não será nada complicado. E do mesmo modo com as restantes confederações patronais.
Também as grandes centrais sindicais – CGTP e UGT – deverão ajudar os trabalhadores daquela vasta região, que se viu atingida pela terrível tragédia que todos puderam acompanhar com espanto e dor. Este é que é o momento em que mais se justifica o apoio material aos trabalhadores desafortunados. Dos grandes clubes desportivos do País, bem como dos nossos mais referentes desportistas a atuar em todo o mundo, também se espera uma colaboração objetiva e que se mostre útil. À semelhança do que fez Luís Villas-Boas. E por igual dos vencedores dos prémios de apostas. E assim também das nossas academias.
Seria muito interessante que os órgãos de soberania se determinassem a realizar excursões aos locais atingidos, a fim de aí operarem refeições e visitas, de molde a darem um alento material e moral aos nossos compatriotas. Enfim, um mínimo de boa vontade e de imaginação acabarão por materializar, e do melhor modo, a nossa tão célebre prática do desenrasca. Por fim, não deixo de recordar a Cáritas Portuguesa, a quem foram apontados por certo jornal mais de dois milhões de euros em depósitos. Portanto, perante este desastre humanitário, será que poderá doar entre um quarto e metade? Porque se não for assim, quando é que poderá ser? Um dado é certo: os portugueses, quando é preciso, conseguem.