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|Hélio Bernardo Lopes| |
A verdade é que desde a chegada de Joana Marques Vidal à liderança da Procuradoria-Geral da República se passou a assistir a um combate muito mais forte à corrupção. Os resultados iniciais foram surgindo, embora os êxitos finais se situem ainda na zona da escassez. Infelizmente, neste domínio, tem vindo a falhar boa parte da grande comunicação social, onde, em certos casos, se hipertrofia os supostos exageros dos magistrados, ao mesmo tempo que se insiste que só se é culpado depois de se ter sido condenado com trânsito em julgado.
Desta vez, por cá e por Espanha, lá surgiu uma nova vaga de casos envolvendo alegada corrupção, tráfico de influências, falsificação de resultados, fuga aos impostos, etc.. Simplesmente, tudo está ainda no início, nada tendo sido dado por provado. Há, pois, que esperar pelos resultados finais das investigações em causa, por cá e lá por fora.
O caso mais recentemente noticiado refere-se a quarenta e três futebolistas, sete sociedades anónimas desportivas e uma dezena de empresas. Ao que creio, casos envolvendo suspeitas de evasão fiscal. Simplesmente – nada de estranho há nisto –, este tipo de situação, nos termos do ora noticiado, parece estar a ser investigado por todo o espaço da União Europeia.
Uma questão deve aqui ser colocada: a que se deverão estes comportamentos, naqueles casos que vierem a ser dados como provados pelas autoridades competentes? Bom, é uma pergunta cuja resposta parece ser simples: com a redução do controlo dos passos negociais de todo o tipo, com a velocidade dos acontecimentos e das decisões, com a mundialização dos negócios e com a perda de ética política por via do modelo neoliberal, o resultado terá sempre de ser o que agora está a ser estudado.
Imagine o leitor que se procedia nos testes escolares ou nos exames de todo o tipo e a todos os níveis, nacionais ou não, deste mesmo modo. Qual seria o resultado? Bom, um fabuloso copianço! E é o que se passa com a sociedade neoliberal e mundial que se vem pondo em funcionamento: com tudo a ser feito na hora, com cada vez menos funcionários e menos controlo dos diversos passos negociais, com os mil e um segredos inerentes à negociata, com o de grande espírito de vitória a qualquer preço, que outro resultado poderia esperar-se? Nenhum outro, apenas o que se vai vendo e mais se presume.
Mas vamos esperar pelos resultados finais das investigações em Portugal, bem como pelas de fora, envolvendo portugueses ou outros. Talvez nestes casos o Sistema de Justiça seja mais célere, podendo mesmo comparar-se a celeridade espanhola com a nossa. Um dado é certo: reina a corrupção, o tráfico de influências, o amiguismo e a fuga aos impostos por quase toda a parte, fruto que são do modelo neoliberal e global mundial.