O tal país católico

|Hélio Bernardo Lopes|
Quando o Governo tomou a decisão recente de conceder tolerância de ponto na tarde do próximo dia 12, ao redor da visita de Francisco a Fátima, apenas como peregrino, desenrolou-se um razoável barulho ao redor do tema. 

Decidi-me a não abordar o mesmo, dado que o assunto estava resolvido e não tinha dimensão que justificasse atribuir-lhe um texto, mesmo simples e ligeiro. A verdade é que acabei por ter de fazê-lo, mas não pelas razões que têm andado nos tempos da grande comunicação social.

Os argumentos normalmente apontados são falhos de fundamento, porque sendo a comunidade portuguesa também marcada pela projeção das referências católicas nos diversos domínios que permitem o seu funcionamento, só uma ínfima minoria de portugueses segue, com o inerente rigor, o magistério da Igreja Católica.

Mesmo ao nível da presença semanal na missa, talvez estejam presentes cerca de vinte por cento dos portugueses. Uma realidade muito visível ao fim-de-semana, quando se mora perto de uma igreja e se frequenta um café mesmo frontal nas horas das celebrações. Precisamente o que comigo tem lugar.

Ora, o que me levou a escrever este texto foi a decisão governamental de conceder aos funcionários do Estado tolerância de ponto na tarde do próximo dia 12. Vai ser para mim deveras interessante poder constar o número de empresas privadas que irão proceder como fez o Governo de António Costa. Claro está que não duvido de que a enorme maioria dessas empresas estarão a funcionar.

De resto, a grande maioria das pessoas que venham a ser abrangidas pela tolerância de ponto nunca irá dedicar o seu tempo de folga a deslocar-se a Fátima, ou mesmo a visionar uma qualquer transmissão da TVI. Bastará o bom tempo, ou uma qualquer transmissão de futebol, e tudo logo chamará excelentes multidões.

Cá fico à espera de poder apreciar o que irá ser decidido pelos patrões das empresas privadas. Para mais sempre a aplaudirem o Papa Francisco, embora em nada seguindo o que este vai defendendo.

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