![]() |
|Hélio Bernardo Lopes| |
É verdade que nos foi dado escutar o diálogo que teve lugar ao longo de cerca de cinco horas, mas também o é que o tema deixou, pura e simplesmente, de continuar a ser abordado. O contrário, precisamente, do que é usual. E a razão de ser deste comportamento da nossa grande comunicação social deve-se ao facto de naquele fatídico acontecimento se encontrar a prova mais repugnante do modo como os políticos da União Europeia desprezam os povos que colonizaram em tempos, mas por igual por se perceber que também não cumprem as convenções internacionais em vigor.
Objetivamente, tratou-se, neste caso, de um crime, oriundo das posições políticas dos Governos da União Europeia, na sua grande maioria. No fundo, violaram mesmo convenções internacionais em vigor desde há muito. Basta recordar que o promotor de Justiça em Nuremberga começou por pedir a pena de morte para o grande-almirante Karl Dönitz por via, precisamente, deste tipo de comportamento de que agora tomámos fugazmente conhecimento. Estranhamente, na União Europeia de hoje, bem como noutros países do mundo, nenhum promotor de justiça se determinou a promover o levantamento das responsabilidades presentes neste crime.
Ora, num destes dias, o Governo Polaco veio salientar que a União Europeia tem uma atitude cada vez mais cautelosa face aos refugiados, reiterando que o governo de Varsóvia, também ele cauteloso, nunca aceitará que Bruxelas obrigue os Estados-membros a cumprirem quotas de acolhimento. Numa conferência de imprensa que teve lugar na capital polaca, o porta-voz do governo polaco, Rafal Bochenek, declarou que a postura da Polónia em relação aos refugiados e à imigração está a surgir em toda a União Europeia. Bom, tratando-se da realidade, a verdade é que tal atitude tem já muitos anos e está a crescer.
Mas o referido porta-voz foi mesmo mais claro, logo garantindo que o Governo da Polónia vai opor-se a qualquer decisão da Comissão Europeia que implique a imposição de quotas de refugiados aos países-membros do bloco comunitário. A isto, caro leitor, é essencial recordar que a população polaca é extremamente católica, onde está presente um culto da personalidade ao redor de João Paulo II, e cujo passado de perseguição aos judeus é inesquecível. Aqui está, pois, uma posição que deveria levar o Papa Francisco a chamar estes católicos à razão. Mas fá-lo-á? Claro que não!
Depois, o referido porta-voz deitou mão dessa máxima de cabal inutilidade, a cuja luz se impõe resolver a crise migratória na Europa com ações nas regiões de origem dos migrantes. Mas como, se foram os Estados Unidos e os seus incondicionais seguidores europeus a fomentarem o que se vem passando na Síria?! Pois, não realizou a União Europeia, em 2010, um excelente acordo com o Governo Líbio de Kadhafi, acabando, depois, Nicolas Sarkozy, por razões estranhas mas cabalmente conhecidas, a deitar tudo por terra, criando na Líbia e no Mediterrâneo o que se tem podido ver?!
Chega ainda a causar algum espanto assistir ao silêncio cúmplice da generalidade dos políticos europeus em face de tudo isto, para mais quando os Estados Unidos tudo vêm fazendo para levar a guerra, mais uma vez, à península da Coreia, agora com armas nucleares. No mínimo... É uma vergonha sem nome e de proporções descomunais.