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|Hélio Bernardo Lopes| |
Com mentiras e meias mentiras, as nossas televisões foram transmitindo patéticos folhetins diários, sempre marcados por previsões que se mostraram quase cabalmente falhas. Sobrou, claro está, o modo bronco de ser de Donald Trump. Ainda assim, estas recentes considerações sobre Kim Jong-un mostram uma sensibilidade natural muito forte. E também uma coragem política, só possível por não ser ele, de facto, um político de carreira.
Assim se passa com Marine Le Pen em França. A grande maioria dos analistas, comentadores, políticos e jornalistas não consegue perceber que Macron será um prolongamento de Hollande com as cambiantes que naturalmente terão de ter lugar, e com que com Marine Le Pen não se virá ainda a observar que um general possa fazer um exército.
Hoje, a França, tanto no plano político como no militar é uma estrutura sem credibilidade. Aliás, essa credibilidade só se manteve por via do rescaldo da Segunda Guerra Mundial, apesar da atuação de colaboracionismo a toda a prova da França com o Governo de Hitler. E no plano económico a França é hoje um país completamente secundário em face da Alemanha.
Quando se acusa, nos mentideros dos bem pensantes, Marine Le Pen de ser uma defensora da xenofobia, opera-se uma autêntica mentira objetiva, porque o que ela propõe é o que os outros fazem, com raríssimas exceções, mas sem o dizer muito explicitamente. E mesmo o fecho das fronteiras é uma mera afirmação de campanha eleitoral, destinada a alimentar o receio dos franceses em face da chegada de terroristas a França.
Por fim, a historieta de que os atentados têm sido operados, maioritariamente, por franceses. Ora, isto só é verdade no plano estritamente formal, porque estes franceses, ou têm dupla nacionalidade, ou são descendentes de cidadãos estrangeiros, com outras culturas, e que nunca se adaptaram à realidade francesa. Infelizmente e na maior parte dos casos, com as culturas dos povos opera-se o mesmo que com os fluidos imiscíveis. Um dado é certo: mesmo que Marine Le Pen viesse a ser promovida a general da França, ela não faria um exército. Deixemo-nos de historietas mentirosas.