Mais um tempo de antena de grande qualiadade

|Hélio Bernardo Lopes|
No meio da inútil balbúrdia ao redor do debate político-presidencial em França, eis que fui ontem encontrar na RTP 3 um debate ao redor de futebol, com a presença de Jorge Andrade e de um outro comentador de apelido Nunes, até que José Alberto Carvalho, na TVI 24, nos surgiu com um convidado de autêntico luxo: Ricardo Monteiro.

Serei certamente um bom ignorante, porque nunca havia ouvido este nome, nem visionado uma qualquer sua intervenção num dos nossos canais televisivos. A verdade, porém, é que o convite de José Alberto Carvalho foi de uma oportunidade verdadeiramente notável, porque Ricardo Monteiro, também dialogando com José Alberto, mostrou, de um modo simples e facilmente entendível, o que está hoje a passar-se no mundo em matéria de trabalho, mormente na sua relação com o capital e com quanto tem vindo a ter lugar em lugares mui diversos do mundo.

Foi, pois, um excecional tempo de antena. Um daqueles momentos como os já por mim referidos com as presenças do académico António José Telo, infelizmente muito raras nos nossos canais de televisão. Por ser esta a realidade, desde já insto o leitor, se acaso entender e dispuser de tempo e de meios, a tentar visionar este diálogo entre José Alberto Carvalho e o seu convidado, Ricardo Monteiro, na noite desta quarta-feira, na TVI 24. Se o fizer, ficará bem mais esclarecido – sobretudo muito melhor – do que quando escuta os políticos.

Acontece que esta entrevista – foi, de facto, um diálogo – teve o grande mérito de José Alberto Carvalho ter colocado as questões que muitos – uma boa imensidão – tentam evitar. Uma dessas questões é a que se prende com a muito maior capacidade de produzir, mas para uma sociedade cada vez mais empobrecida. E foi muito interessante a resposta do convidado, expondo um caminho, que disse ter já os seus defensores no plano dos mais poderosos do mundo, e que é o de se distribuir boa parte da riqueza criada pelos que estão no seio da nossa companhia, estejam ou não a trabalhar.

A não se ir por este caminho, cair-se-á no tal triunfo da eutanásia, realidades que me levaram, em tempos, a escrever o texto, VEM AÍ A EUTANÁSIA, e que sucedeu a uma carta que enviei a um dos nossos cardeais, logo ao início da anterior Maioria-Governo-Presidente.

Como se percebe, José Alberto Carvalho determinou-se a fazer o que ontem, com enorme agrado, muitos puderam acompanhar por via da reação recente do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa aos resultados da Estrutura de Estatísticas da União Europeia, ao redor da inenarrável distribuição dos vencimentos por parte de quem trabalha, desde os administradores de topo até aos de funções de menor responsabilidade. Um domínio em que Portugal quase alumia duas vezes.

Como ontem escrevi a propósito de um outro tema, já não temos hoje o dito perigo do comunismo, temos ditas democracias a esmo, temos o Papa Francisco e modernices de todo o tipo, mesmo do inimaginável, mas caminhamos ao sabor da contingência. E caminhamos para um desastroso horror. Talvez se venha, então, a ter de mudar de paradigma, como Ricardo Monteiro nos contou na entrevista de ontem à noite, na TVI 24. Procure-a, leitor!

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