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|Hélio Bernardo Lopes| |
Por esta razão, a referência que se vem atribuindo a Wolfgang Schaüble, Ministro das Finanças da Alemanha, apontando Mário Centeno, aos que consigo falavam no ECOFIN, como sendo o “Cristiano Ronaldo” desta estrutura, reveste-se de grande importância. Ela é o reconhecimento, para mais por parte de Wolfgang Schaüble, das qualidades internacionalmente reconhecidas ao Ministro das Finanças de Portugal.
Esta noticiada referência de Wolfgang Schaüble merece uma ligeira nota interna e um alerta para o futuro que por aí deverá vir. Merece uma nota interna em face das mil e uma pífias tentativas do PSD, no sentido de se tentar atirar Mário Centeno para for a das suas atuais funções. Percebe-se a razão de ser desta tentativa, porque há muito se reconhece a sua qualidade e a sua capacidade para realizar o papel que os portugueses esperavam.
Convém recordar as palavras de Manuela Ferreira Leite quando comentou, no seu tempo semanal na TVI, o plano estratégico de intervenção política que o PS então se propunha levar à prática, e que tinha sido gizado por uma equipa de concidadãos muito sabedores, liderados, precisamente, por Mário Centeno: o que posso eu dizer de uma trabalho de fundo, para mais liderado por alguém com a qualidade de um Mário Centeno?! Muito significativo, portanto. E aí está hoje, já com o reconhecimento de Wolfgang Schaüble, o resultado da certeira previsão de Manuela Ferreira Leite.
O interessante, no meio desta feliz realidade, foi terem tido os portugueses a oportunidade de poder ver ao vivo o modo como os políticos do PSD tudo fizeram para deitar por terra o novo “Cristiano Ronaldo”, como parece ter sido dito pelo Ministro das Finanças da Alemanha: Mário Centeno é o novo “Cristiano Ronaldo” do ECOFIN. Uma suposta afirmação de Wolfgang Schaüble que sucede à notícia, que continua a andar por aí, de que Centeno poderá vir a liderar, dentro de algum tempo, o Eurogrupo. E é este o tema que justifica algum alerta para os nossos detentores de soberania – da que ainda resta...
Ninguém pode já negar, com ou sem a tal afirmação de Wolfgang Schaüble, que Mário Centeno dispõe hoje de um justíssimo reconhecimento público e técnico em função dos resultados conseguidos pela atual governação, mormente na parte mui importante que passa pela sua decisão funcional. Já ninguém recusa uma tal realidade, talvez com a natural exceção da nossa Direita, tão torta em ideias que possam mostrar-se melhores que as postas em prática pelo atual Governo de António Costa.
A verdade, porém, é que Wolfgang Schaüble nunca tal imaginou. E quem diz este, diz a tal nomenklatura neoliberal mundial que se tem cruzado com o nosso Ministro das Finanças. Por via desta realidade, uma ida sua para a liderança do Eurogrupo, não pondo em causa a eficácia das suas funções entre nós, talvez permitisse – é o que eu penso que Wolfgang Schaüble poderá pensar – tê-lo mais sob a possibilidade de sofrer a influência do alemão e de quantos o seguem com alguma cegueira ideológica.
Objetivamente, Mário Centeno passaria a ter de ser neutral, diga-se assim, ao invés de ser o mero defensor das posições de Portugal, domínio em que tanto tem brilhado por via dos resultados por si conseguidos. E se é verdade que estes têm sido brilhantes, já a plena independência das suas funções como líder do Eurogrupo estaria muito mais limitada. Para se perceber esta realidade, basta colocar a situação inversa, com Wolfgang Schaüble nessa mesma liderança. Em mui boa medida, o que dissesse seria recebido sem pestanejar. Em contrapartida, e com grande regozijo de Wolfgang Schaüble, Mário Centeno terá de gastar uma energia muito maior para conseguir algo de parecido com o que conseguiria o alemão. Como se percebe, não existe aqui simetria.
Não penso que os resultados internos derivados da sua função de Ministro das Finanças ficassem minimizadas por via de liderar o Eurogrupo. A verdade é que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa é um concidadão nosso inteligente, culto, sabedor, experiente e politicamente manhoso. Será que aquela sua recusa, quase liminar, sobre a liderança do Eurogrupo, feita logo que surgida a notícia, se baseava já nesta minha interpretação de hoje? Bom, só o Presidente da República o sabe. Em todo o caso, com Wolfgang Schaüble todo o cuidado é pouco...