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|Hélio Bernardo Lopes| |
Em primeiro lugar, a série televisiva, OPERAÇÃO ABUTRES, na sua primeira edição – começou ontem, na RTP 2 e pelas dez da noite, a segunda. Uma série decorrente na Noruega e que retrata uma realidade há muito presente nas comunidades humanas. Há muito e, muito acima de tudo, nos meios humanos tecnicamente mais apetrechados. Uma série que mostra como se chegou ao estado atual do mundo. Quem puder acompanhar agora a segunda série – começou ontem –, só terá a ganhar.
Em segundo lugar, o já tristemente célebre caso da agressão ao árbitro do jogo Rito Tinto – Canelas, que terminou aos dois minutos de jogo. Este caso, bem como a atitude assumida por equipas as mais diversas que se vêm recusandoo a jogar contra o Canelas, mostra o imperativo de a Procuradoria-Geral da República pôr em andamento uma investigação profunda a quanto possa envolver esses jogos que nunca ocorreram. Portugal, como agora se sabe, é hoje apontado no mundo como o país onde reina o medo no futebol. Mas, enfim, veremos no que tudo irá agora dar...
Em terceiro lugar, o modo miserável como o atentado recente em São Petersburgo foi tratado na nossa grande comunicação social televisiva, com os usuais comentadores de serviço sem condenarem abertamente os atentados e os seus crimes, antes olhando para o regime constitucional russo, obviamente democrático. Mesmo o bronco do Trump pouco ou nada disse, certamente já nas aflitinhas com as mil e uma investigações sobre o seu passado, mais antigo ou mais recente. Até Yevgueni Mouravitch teve a lata de tratar como autoritário um regime que o não manda para a prisão por via das enormidades que já lhe são típicas e das barbaridades que ali disse, só faltando apoiar, compreensivamente, os autores do crime. Uma vergonha! Para já não falar dos berrantes usuais, que navegaram pela rede das ideologias ao sabor do vetor do vento político e das necessidades pessoais...
Em quarto lugar, a falta de vergonha do PSD e do CDS/PP, perante a recente solução para o caso do Novo Banco. Paralelamente, a nossa grande comunicação social, completamente enfeudada com a Direita dos interesses, só liga à solução agora encontrada, esquecendo esse abismo que se criou com a deserção do Governo Passos-Portas perante o que se passava com o Sistema Financeirro, face à assunção de responsabilidade política do PS de António Costa e do seu Governo. Infelizmente, PCP e Bloco de Esquerda, embora com razão em termos absolutos, parecem propensos a voltar a repetir o triste episódio da recusa do PEC IV, incapazes de perceber que o sistema dinâmico aqui em causa teve condições iniciais que criaram o que agora se tentou resolver.
Em quinto lugar, continua a persistir-se, completamente à revelia da vontade dos povos, na atual tragédia da União Europeia, fonte de mil e um problemas e por todo o mundo. Uma União Europeia que tanta pobreza tem continuado a gerar em África, para já não referir o que criou no Norte deste continente, mas por igual com os milhares de refugiados, tratados como animais ou deixados morrer no Mediterrâneo.
Em sexto lugar, a continuação da OTAN no caminho da guerra, de há muitas décadas desejada, contra a antiga URSS e agora, já sem comunismo, contra a Rússia democrática. Mais uns dias, e aí teremos uma nova guerra na Coreia, facilmente alastrável a toda a península e ao Japão. No mínimo...
E, em sétimo lugar, uma conversa, deveras significativa, que ontem mantive com um conhecido meu, católico praticante, recentemente regressado de Turim. Contou-me este amigo que certa estrutura religiosa italiana – católica, claro – vem sendo apoiada pelo Governo da província em causa. Supostamente, ajuda jovens refugiados que pretendem estudar, para tal usando o apoio de gente mais velha, italiana, com conhecimentos para ensinar o que está em causa.
Acontece que lhe foi contado, algo discretamente, que os alunos ali presentes são raros, sem que possam explicar-se as verbas para ali atribuídas por via oficial. O tal dinheiro dos contribuintes... Pois, um seu amigo, tendo-se oferecido para dar ajuda, veio a perceber que quase não existem alunos, com os funcionários da instituição de apoio a quase sextuplicarem os alunos visíveis. E tudo a receber o tal dinheiro dos...contribuintes.
O mais interessante nesta conversa foi o que se passou mesmo à beira do seu fim, porque passou por nós, de carro, um amigo comum. Eu sabia que os dois se conheciam, porque o meu interlocutor me havia dito há quase um ano. Só que este esqueceu-se do que dissera. Perante a minha exclamação de que ia a passar, de carro, o amigo comum, o meu interlocutor respondeu: ah, o Tantos, não conheço... Em menos de um minuto, o telefone do que comigo falava começou a tocar. Como se percebe, era o meu amigo do carro, a dizer-lhe que dissesse que não o conhecia... Tendo-me dito que era a mulher, deixei-o pregado ao telefone, indicando-lhe, gestualmente, que ia almoçar. Ou seja, termino este texto como o comecei: com um caso português isomórfico do apresentado na primeira série, OPERAÇÃO ABUTRES. E assim vai o mundo neoliberal, globalizado e ainda dito democrático. Até Trump diz que o é!!