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|Hélio Bernardo Lopes| |
Quem tiver lido os textos que escrevi durante a campanha eleitoral para o Secretário-Geral da ONU – mais um barrete da Rússia e da China –, terá acomppnhado as minhas observações sobre que Guterres se limitava a falar da Síria, domínio que também assim era tratado pelos Estados Unidos. Em contrapartida, nunca abordou o inconveniente para este últimos: o diferendo israelo-palestiniano, que se mantém como uma chaga que alastra desde a própria fundação das Nações Unidas.
Como por igual pude já explicar, o que guindou António Guterres a este posto foi a profunda qualidade da diplomacia portuguesa, o amplíssimo apoio da correspondente vaticana, o facto de ser uma personalidade de ampla cultura, mas, muito acima de tudo, a garantia evidente e conhecida de um alinhamento incondicional com o Ocidente, com os valores da Igreja Católica Romana e com a garantia de saber estar em política.
O que agora a Amnistia Internacional vem dizer – é a realidade mais certeira de sempre – é que este modo de António Guterres estar na política se materializa em olhar para um só lado... Ainda que de um modo insuficiente – como agora se viu, os Estados Unidos passaram por cima do Direitro Internacional Público como quem toma um copo de água –, Guterres apenas vai dizendo umas coisas, mas sobre a Síria. E não custa acertar nesta simples aposta: dissessem agora Trump e os Estados Unidos sobre a Síria e Bashar o contrário, e logo a Síria deixaria de ser tema para as intervenções de Guterres.
Mas António Guterres tem aí à vista mil e um riscos e de grossuras as mais diversas. Um desses riscos é o da guerra nuclear – onde já vai a URSS! –, sendo hoje evidente que desde sempre a Rússia assegurou, ao contrário dos Estados Unidos – Guterres conhece isto muitíssimo bem –, que nunca será a primeira a usar armas nucleares. Mas será que Bashar al-Assad lançou realmente armas químicas na tal cidade? Será que Guterres recorda ainda as armas de destruição maciça do Iraque de Saddam? E então? Faz como se viu com Durão Barroso? Bom, ainda é o mais provável.
Termino este meu texto com esta previsão desagradável, mas cada dia mais próxima: foi preciso o fim da URSS, o triunfo das (ditas) democracia e a chegada a Secretário-Geral da ONU de um crente ligado ao magistério da Igreja Católica Romana para que, finalmente, o mundo venha a ser alvo de uma guerra nuclear. É caso para que se grite: porra!! Por isso, se António Guterres fosse rei, cognominá-lo-ia de “O Mais que Esperado”.