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|Hélio Bernardo Lopes| |
Custa perceber que se acredite que a minimização das dimensões e funções do Estado não acabe, necessariamente, por determinar o surgimento desta onda que se vai vendo, um pouco por todo o mundo.
Desta vez, coube a sorte a um ministro francês de François Hollande. Cada dia que passa traz-nos um político francês, ou um outro norte-americano, a braços com a justiça, embora até aqui sem consequências dignas de registo. Também lá por fora tudo se está a tornar em nada. A França, porém, começa a mostrar-se pioneira neste domínio dos escândalos ao nível da classe política.
Ora, é bom não esquecer as célebres saídas de François Hollande durante a noite, usando uma mota guiada por um dos elementos da sua segurança pessoal, a fim de encontrar-se com uma compatriota sua. Num sentido lato, o exemplo já não vinha de cima. Devo dizer, aliás, que me custa perceber que um líder político consiga chegar a uma situação como esta de François Hollande.
Desta vez, depois de Sarkozy, Strauss Khan, Fillon, Le Pen e Macron, coube a vez ao Ministro do Interior, Bruno Le Roux. A causa, de um modo muito geral, é sempre a mesma: usar lugares públicos para colocar a família, desde gente maior de idade à de idade ainda menor. O que conta agora, já de um modo muito aberto, é obter um lugar e ganhar à fartazana. Uma realidade que, qual mancha gorgurosa muito líquida, se vem espalhando por toda a União Europeia. Até pelo mundo, em geral.
O interessante, em todas estas situações, é que as autoridades competentes nunca descobrem nada. Os casos só surgem no plano público por via de denúncias de gente particular. Uma realidade que mostra que o controlo de riqueza e de benefícios de todo o tipo, ao nível da classe com algum tipo de poder, está longe de realmente ser operado. E muito menos com eficácia mínima.
Como facilmente se percebe, a sociedade neoliberal e global que se tem vindo a criar gerou a tal nomenklatura neoliberal mundial que venho referindo. Essa nomenklatura, nos países ou nas instituições internacionais, vai legislando em função de interesses próprios e dos grandes grupos a que se encontra ligada, e de que Bilderger será, porventura, o melhor e mais eficaz exemplo. Portanto, o resultado, naturalmente, teria de ser o que se vai vendo, até com a evidente tendência para piorar.
A REDE, apontada há um tempo atrás pela Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal – criou-se um pânico...–, é a parte portuguesa desta realidade mundial gerada pelo desenvolvimento do neoliberalismo e da globalização. A própria democracia acabou por ser posta em causa, como se vem vendo nos Estados Unidos – a vitória de Trump gerou dúvidas sobre o funcionamento da REDE – e se está agora a ver com a Holanda, a Alemanha e a Itália. No mínimo. E não deixa de ser interessante constatar que o Ministro das Finanças da Holanda, que se opunha a Wilders, é o sujeito que agora se determinou a insultar, primariamente, os Estados e povos do Sul da Europa. Estamos, pois, neste ponto do funcionamento da REDE mundial dos grandes interesses.