E a coisa prossegue

|Hélio Bernardo Lopes|
Conforme esperado, lá prossegue o caso DEZ MIL MILHÕES. Um caso que, depois do quanto pude já ver e ouvir, me permite renovar a aposta para que convidei o leitor, no meu primeiro escrito sobre o tema: aposto em como tudo irá terminar em nada, bem à luz do caso geral.

Neste caso, contudo, a gravidade de quanto está em causa já não constitui dúvida para ninguém. Desde que suscitada a conversa nos círculos de convivas de café – se assim não for, ninguém aborda o tema, seja este ou outro...–, a resposta é unânime e segura, podendo exprimir-se, em essência, deste modo: chamem-me Joaquim...

Como pude já escrever desde o início deste caso, continuo a apostar em que o mesmo terminará em nada, como costuma acontecer em Portugal. Simplesmente, este caso teve uma enorme vantagem: permitiu ver e ouvir, quase desde o início, o surgimento de mil e um comentadores, analistas e jornalistas – até ditos especialistas! – nas nossas televisões, sempre colocando hipóteses bondosas para quanto se passou... Gente que nunca falha no dia do voto, porque a dita democracia que temos se transformou na legitimação de tudo o que dê benefícios aos que, de facto, comandam a vida de Portugal e o infortúnio para que foi atirada a grande maioria dos portugueses. Eles são os campeões da democracia... Uma verdadeira taluda.

Certo, no momento em que escrevo este texto, é que não houve controlo inspetivo dos 10 mil milhões de euros que foram transferidos para offshore, porque esse montante não era conhecido do Fisco.

Tal como referiu o atual Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade, o porquê é uma questão que preocupa a todos, ou seja, como é que esta falha foi possível? Penso que esta indeterminação acabará por não ser levantada, muito dentro da nossa tradição, e traz-me ao pensamento duas realidades: a histórica REDE, um dia muitíssimo bem apontada por Joana Marques Vidal; e os riscos do tratamento informático do que quer que seja.

Quem acompanha os meus textos, terá certamente tomado conhecimento dos sucessivos alertas por mim operados ao redor dos perigos de recorrer à informática, por exemplo, em atos eleitorais. Basta atentar neste caso dos DEZ MIL MILHÕES. Se a culpa foi do programa informático – quase com toda a certeza, não o foi de um modo próprio, mas por deixar portas abertas –, a conclusão é simples: se com aquele programa houve erros deste quilate, com um outro nada garante que também não existam. Olhemos o que vai pelo mundo e como as autoridades holandesas parecem já se ter determinado a contar os votos do modo clássico, ou seja, à mão... Só um tolo, um ignorante ou um grande interessado ainda não percebeu esta realidade.

Termino, pois, renovando o meu convite de há umas duas semanas ao leitor: aposto em como este caso, mais uma vez, terminará em nada. Ou antes, terá sido dos computadores. Pelos vistos, talvez já estejam a dominar os humanos...

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