Qualidade superior

|Hélio Bernardo Lopes|
Foi com grande satisfação que ontem acompanhei a entrevista do nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros, Autusto Santos Silva, na RTP 3. Uma evidentíssima manifestação de qualidade política superior, de resto há muito reconhecida a este nosso académico, que hoje sobraça a pasta da política externa.

De um modo muito geral, a política externa portuguesa não cstuma criar grandes dificuldades, sendo um lugar que até permite realizar um brilhantismo sem grande exigência. Infelizmente para o mundo, o estado em que Barack Obama deixou o poder foi de tal ordem mau que até Donald Trump acabou por sair vencedor da recente peleja eleitoral, assim criando exigências inesperadas para quem tenha, entre nós, que desempenhar o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros.

É essencial não esquecer, para lá do muito mais que se pôde ver (até no interior dos Estados Unidos!), que Barack Obama, de um modo paulatino, foi criando as condições para operar um confronto com a Rúsia – a curto prazo – e com a China – a médio prazo. E, embora não tenha sido ele a criar tal estrutura, a verdade é que os seus amigos falcões tácitos – desponta entre eles o belicista Jonh McCain – se determinaram, nos últimos dias do seu segundo mandato, a mandar estudar as consequências de um ataque nuclear à Rússia e à China...

Simultaneamente, a União Europeia vem-se mostrando como um autêntico barco à deriva, situação infelizmente acompanhada do desprezo mostrado para com o direito das pessoas a viver ccom dignidade, bem como em face da situação de completo abandono a que foram votados os refugiados que vêm fugindo dos seus países, procurando chegar à União Europeia. Chegou-se ao ponto de pagar a Estados terceiros para impedir os refugiados de aqui chegarem!

Por todas estas razões, as funções de Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal tornou-se muitíssimo mais exigente. E também não foi por mero capricho que Augusto Santos Silva é a segunda figura da hierarquia do Governo. Convém ter presente que já desempenhou os cargos de Ministro da Defesa Nacional, Ministro da Educação, Ministro da Cultura, Ministro dos Assuntos Parlamentare, etc..

Mas, como se percebe bem, nem tudo o que expôs terá de merecer o apoio dos que tiveram o gosto de o escutar. Tais respostas foram as dadas às perguntas colocadas por Ana Lourenço, mas num lote onde outras bem podiam ter sido colocadas, como a de saber o que faria o Primeiro-Ministro, António Costa, se Augusto Santos Silva, em público, pedisse aos seus funcionários do ministério para não cumprirem as diretivas daquele. Mas, enfim, foi uma entrevista com raro brilhantismo no panorama político português.

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