Malandros do PODEMOS

|Hélio Bernardo Lopes|
É interessante, e também extremamente lamentável, que as nossas televisões, os nossos jornalistas, analistas e intelectuais, passem o seu dia-a-dia a batrumpar, esquecendo, quase completamente, o caso de Almaraz. Um caso que, com grande azar, poderá pôr em causa a própria subsistência de Portugal, tal seria o impacto desse azar em toda a bacia hidrográfica do Tejo. E não só...

Estes nossos concidadãos são os mesmos, de um modo muito geral, que, por via da moda do tempo, atacaram, de todo o modo e feitio, o PODEMOS espanhol, sempre que foram surgindo possibilidades deste partido ter acesso ao exercício do poder. Para vergonha sua, o PODEMOS pediu ontem à Comissão Europeia que vete a construção do armazém de resíduos nucleares de Almaraz, caso não cumpra as normas comunitárias.

Infelizmente – o PODEMOS conhece bem esta realidade –, os Estados da União Europeia não são olhados do mesmo modo pela Comissão Europeia. Esses Estados, aos olhos daquela, estão hierarquizados pelo seu poder económico e financeiro. Ou seja: é pouco provável que as obras já decididas pelo Governo Espanhol da Direita, a serem realizadas em Almaraz, mereçam, da parte da União Europeia, pouco mais que uma simpática recomendação. De resto, Espanha pouco ligaria a tal recomendação.

Esta exigência do PODEMOS junta-se à queixa formal de Portugal junto da Comissão Europeia, alegando que não houve informação por parte do Governo Espanhol sobre este projeto, não tendo sido realizado um qualquer estudo de impacto ambiental transfronteiriço, como estipula a legislação comunitária.

Têm razão os ecologistas ao defenderem que esta nova unidade de armazenamento de resíduos radioativos reflete a intenção do Governo Espanhol de prolongar a vida da central para lá do final desta década do atual século. Bom, caro leitor é enorme a probabilidade de ser verdadeiro um tal acontecimento.

Este pedido do PODEMOS mostra, afinal, que este partido e os seus dirigentes têm bom senso e respeito por Portugal e pela defesa do ambiente. Mostra, por igual, que em Portugal se liga a tudo, quase esquecendo uma realidade tão perigosa para Portugal e os portugueses. E acaba também por permitir perceber – e com que risco! – como a famigerada União Europeia de hoje olha os povos com um desprezo inversamente proporcional à riqueza dos Estados que a compõem. Um perigoso mal que também nos fornece excelentes lições.

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