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|Hélio Bernardo Lopes| |
Esta notícia foi trazida a público por um antigo membro do MI6 britânico, hoje na reforma e sócio de uma empresa de espionagem privada. Simplesmente, o senhor desapareceu, fosse lá a razão a que fosse. Podia tudo ser uma mentira, ou poderia mesmo correr risco de vida, até por ser tradição antiga dos dirigentes dos Estados Unidos assassinar os seus próprios políticos, ou os estrangeiros, ou quem quer que convenha. Simplesmente, este antigo membro do MI6 não é tolo, pelo que de pronto percebeu que os grandes interesses mundiais, que receberam a vitória de Trump em pânico, facilmente poderiam liquidá-lo – pode ainda vir a dar-se –, de molde a gerar no mundo a ideia de que teria sido gente de Trump – o atingido – a fazê-lo. Foi o que se deu, precisamente, com o homicídio de Lytvinenko.
Pelas circunstâncias próprias da vida, surgiu morto, dentro do seu carro, um antigo general do extinto KGB, numa rua de Moscovo. Notícias de ontem dizem que a morte se terá devido a um ataque cardíaco. Simplesmente, para o MI6 este acontecimento foi autêntico ouro sobre azul, de pronto se fazendo circular na grande comunicação social britânica que este general é que teria dado, sobre Trump, as informações ao tal agente ora foragido.
Como qualquer um percebe está-se perante um sistema indeterminado de condições, sendo enorme a probabilidade de tudo isto não passar de um grande aproveitamento dos anti-Trump, que são os membros da tal nomenklatura neoliberal mundial. Por isso eu escrevi já que os resultados obtidos pelos serviços secretos não podem fazer fé em juízo. Tudo o que dizem é insuscetível de poder ser confirmado. Tais serviços apenas servem para operar ações clandestinas ilegais, vantajosas se coroadas de êxito.
Interessante é constatar que os que entre nós tanto defendem a vida privada dos políticos venham agora badalar o suposto caso passado com Trump, há anos, em Moscovo. É difícil encontrar um exemplo mais baixo do estado a que chegou a política dos nossos dias.
No entretanto, surge agora a notícia da Bloomberg de que o Pentágono e os Serviços de Inteligência dos Estados Unidos, por decisão do Congresso nos últimos dias da presidência de Obama, estão a estudar a capacidade resistente da Rússia e da China em face de um ataque nuclear dos Estados Unidos. Ou seja, o regresso da inenarrável e criminosa ideia do louco general, Curtis Lemay.
De há muito se percebia que Barack Obama, bem como a sua pupila Hillary Clinton, naturalmente apoiados por John McCain e mais um ou dois, vinham preparando este terreno. E é interessante constatar como tudo isto, naturalmente tão percetível – passa-se às claras –, não concita um só alerta dos nossos jornalistas, nem dos analistas, nem dos políticos – até o PCP, Verdes e Bloco de Esquerda se mantêm silenciosos!
Hoje, perante tudo isto – sem espanto, aí nos surgiu Obama, tentando alertar para a violação dos valores americanos!! –, o mundo entrou em regime estacionário em matéria de batrumpar. Tornou-se, inquestionavelmente, uma moda omnipresente. O próprio Papa Francisco, perante os evidentes preparativos dos Estados Unidos para pôr em marcha uma guerra mundial, também não produziu até aqui uma palavra de denúncia, trazendo-me ao pensamento o caso do silêncio de Pio XII com o Holocausto. Mas vejamos, então, o que está aqui em jogo.
Donald Trump, como se dá nos Estados onde têm lugar eleições, candidatou-se ao lugar de Presidente dos Estados Unidos. Por via da aplicação das regras eleitorais de sempre, saiu vencedor. E fê-lo com um programa político que está a ser quase plenamente aplicado. Naturalmente, ele terá agora o direito de pôr esse programa em prática. Espantosamente, tudo está agora a ser posto em causa, e tanto internamente como no plano externo.
Assim, Trump pode nomear para o Supremo Tribunal Federal o juiz que ainda lhe falta. Num ápice, os seus adversários acusam-no de ir nomear alguém com um pensamento próximo do seu! Mas não é sempre assim?! Não foi isso mesmo que fez Barack Obama?! Portanto, em que se fica?
Os mesmos acusadores de Trump apontam-lhe agora o dedo em matéria de refugiados. Simplesmente, esses são os dos Estados da União Europeia que mantêm os refugiados ao frio e à neve nos horrorosos campos de concentração para que foram atirados. O próprio Papa Francisco não foi minimamente acompanhado pelos seus discípulos naquele convite que fez às paróquias para que cada uma recebesse uma família refugiada. Deixo ao leitor a incumbência de me informar sobre uma paróquia portuguesa em cujas instalações se tenha recebido uma família refugiada. Um dado é certo: dos dez mil apregoados por todos, nem um milhar ainda aqui chegou. E são os políticos da União Europeia que têm a latosa de criticar Donald Trump! É bom, por igual, recordar que a União Europeia paga a quem impeça a entrada de refugiados, como se dá com a Turquia. Entre outros casos, já reais ou potenciais.
Claro está que não se deve confundir religião com nacionalidade ou com terrorismo, mas a grande verdade é que a generalidade dos Estados de religião islâmica não se mostram claramente contra a ação do terrorismo de inspiração islâmica. Não apoiam, é verdade, mas mostram-se (quase) silenciosos.
Depois, o fantástico oportunismo de muitos diplomatas norte-americanos. Mas eles exercem a sua função no sentido de levar à prática a política do Governo de Trump – ou de qualquer outro –, ou para a porem em causa e em público? E se os militares fizerem o mesmo? E se forem os polícias? E se os juízes se opuserem à aplicação das leis? Ou será que os Estados Unidos constituem mais uma república das bananas?
O que Donald Trump está a fazer é a pôr em prática as suas promessas de campanha, que foram sufragadas pelos norte-americanos que, nos termos das leis de sempre, lhe concederam a vitória. Mas se Obama defendia legislação tolerante para com o aborto, porque não pode Trump fazer o contrário? Se Obama conseguiu criar o casamento homossexual, porque não pode Trump tentar operar o inverso? Se também Obama tratava os seus militares como carne para canhão – os europeus não combatem nem gastam capazmente com a sua defesa –, porque não pode Trump exigir dos europeus que mudem de atitude e cumpram o que está estabelecido e nunca foi cumprido?
Tudo isto, caro leitor, tem uma causa: com Obama e Hillary no poder desenvolveu-se profundamente a tal nomenklatura neoliberal mundial. Esta nomenklatura carateriza-se por não ter outros valores para lá do dinheiro e dos seus lucros. Por isso se chegou ao estado atual do mundo, caraterizado por uma degradação progressiva e rápida, cada dia com mais pobreza e com mais guerra por todo a parte e já com uma guerra mundial à vista. Foi neste ponto que Barack Obama e Hillary deixaram o poder. E também com derrotas políticas eleitorais, naturalmente difíceis de digerir. No caso de Hillary, com aqueles e-mails do seu servidor particular e que serviam para manter contactos com o Estado Islâmico, de que foram os reais criadores.
Por fim, uma pergunta que bem poderá ser do leitor: se o Hélio fosse norte-americano e se determinasse a votar, tê-lo-ia feito em Donald Trump? Claro que não! Mas também não teria votado em Hillary Clinton, nem votaria, se tal fosse possível, para um terceiro mandato de Obama. Talvez tivesse escolhido Bernie Sanders. Tenho demasiado amor à vida para apoiar uma gentalha cínica que tudo foi fazendo para pôr em prática uma guerra nuclear contra a Rússia e também contra a China. Está-lhes no sangue e já têm a experiência japonesa. Pasmo com o facto de ainda haver gente com a coragem pública de apontar os Estados Unidos como uma dita democracia!!