![]() |
|Hélio Bernardo Lopes| |
Não é preciso ser-se constitucionalista para perceber que o Presidente da República pode abordar questões da vida pública com qualquer membro do Governo. É evidente que, dispondo o Governo de um líder, é este que tem a incumbência de se encontrar com o Presidente da República e de o pôr ao corrente da realidade do País e da governação. Mas esta situação, como se percebe com forte facilidade, não é estanque. Não faltam exemplos na História da III República. Até no tempo da II República tiveram lugar casos similares!
Isto mesmo teve agora lugar com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e com o Ministro das Finanças, Mário Centeno. Ainda assim, é essencial explicar-se que o Presidente da República recebeu o Ministro das Finanças a pedido do Primeiro-Ministro, o que legitima completamente o referido encontro.
Ora, qual foi a razão deste encontro? Bom, essa razão é dupla. Por um lado, o tempo que ora se vive em Portugal, mormente ao nível do Sistema Financeiro, tem as singularidades já ontem explicadas pelo Presidente da República ao País, na sua intervenção na TVI. Por outro lado, perante o desbragado e pouco patriótico ataque da Direita a Mário Centeno, sem olhar a meios, entendeu o Primeiro-Ministro, em face do que explico no ponto anterior, colocar o Presidente da República, desde que este assim entendesse, a par do grau de liberdade do Ministro das Finanças no desempenho das suas funções.
Acontece que nesta conversa em Belém o que o Ministro das Finanças expôs teve o cabal consentimento do Primeiro-Ministro. Ou seja, o encontro nunca se ficou a dever ao facto de ser o Presidente da República a tutelar as decisões do Ministro das Finanças. Foi, isso sim, uma explicação dada na primeira pessoa por este ministro, perante a falta de patriotismo e de atenção da Direita perante o interesse de Portugal e dos portugueses.
Por fim, o Presidente da República ouviu também do Primeiro-Ministro a manutenção da sua confiança no (Ministro da Finanças) Professor Doutor Mário Centeno. E aceitou, como seria de esperar, as explicações ouvidas de Mário Centeno e suportadas pelo Primeiro-Ministro, António Costa. E esta decisão do Presidente da República suportou-se, por igual e sobretudo, no estrito interesse nacional, em termos de estabilidade financeira.
Coisas a que, como facilmente se vai vendo, PSD e CDS/PP nada ligam. Ou seja, nada teve que ver com quaisquer outros fatores, mormente partidários ou de mera formalidade oportunista, que é como têm atuado estes dois partidos da Direita. Poder, isso sim. Poder é o que eles querem. E os portugueses sabem bem o que lhes sucederia se o mesmo caísse nas mãos do PSD e do CDA/PP...