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|Hélio Bernardo Lopes| |
O caso mais recente, muito dentro da moda do tempo, é o que se refere à construção de muros, no que tem sido olhado como uma alusão à decisão de Donald Trump. A grande verdade, contudo, é que a Igreja Católica raramente se pronunciou sobre os mais diversos muros construídos nos Estados Unidos, em Israel e em Estados diversos da União Europeia. De resto, o Vaticano tem já, pela sua estrutura delimitadora, esses muros, não sendo imaginável que as suas portas sejam franqueadas a famílias de refugiados que por elas pretendam passar, a fim de poderem ficar bem melhor protegidos do que estão em mil e um outros lugares. Mesmo que fosse apenas nos jardins do Vaticano, ou noutras propriedades suas, que são, como hoje se sabe, aos milhares. Só em Roma...
Ontem mesmo nos foi dado ver imagens de situações verdadeiramente infernais, cabalmente destruidoras de vidas humanas aos milhares, passadas nas ilhas gregas, hoje um verdadeiro lugar de horror e de terror. Mas ficámos, por igual, a saber do que está a passar-se com o criminoso acordo da Alemanha com a Turquia, com os refugiados aqui chegados a serem devolvidos à Síria, onde, naturalmente, os espera a morte.
Mais recentemente – e pela voz de Donald Tusk! –, parece que a União Europeia vai por igual realizar um dito acordo com as autoridades líbias – autoridades?! –, a fim de a Líbia servir de tampão à passagem de refugiados oriundos do continente africano. Como teria de dar-se, das Nações Unidas nem palavrinha... E muito menos recursos para os tribunais adequados, tal é a evidência da recusa do dever de auxílio, a garantir uma rápida condenação à morte.
O interessante – digamos assim – é constatar que estes povos desesperados constituem o produto de colonizações históricas do Ocidente, seguidas de descolonizações táticas, mas com grandes vantagens estratégicas para os antigos colonizadores. Mas os realmente poderosos. A resultante deste mecanismo pode hoje ver-se um pouco por todo o mundo, sobretudo, no continente africano, onde prossegue, aceleradamente, a exploração das riquezas locais pelos Estados do Ocidente.
Igualmente interessante – continuemos a dizer assim – é ver a completa recusa de párocos e paróquias em face daquele convite feito por Francisco, no sentido de se acolher uma família em cada paróquia... Ainda hoje estou à espera de alguém que me indique um caso onde tenha tido lugar uma resposta positiva ao convite papal.
Ao mesmo tempo, aí nos ressurgiu a notícia de que entre 1980 e 2015 cerca de 4.500 pessoas denunciaram abusos sexuais a menores perpetrados por membros da Igreja Católica Romana na Austrália. Não sendo nada de verdadeiramente inovador no seio desta instituição, o que aqui me causou espanto foi o facto de tais crimes terem tido lugar até há bem pouco, ou seja, até 2015. A verdade, porém, é que a comissão australiana encarregada de levantar esta situação está a trabalhar neste tipo de crimes, mas desde o ano de 1950. Bom, simplesmente inenarrável! Mau grado tal, quase tudo deverá saldar-se em quase nada. É isso que nos mostra o facto de se terem já detetado casos em 2015. Ou seja, tudo continua sensivelmente na mesma.
Por fim, uma dúvida que me vem acompanhado há muito: em que pé está aquele caso de certo padre do Seminário Menor do Fundão, se acaso não erro? A decisão dos tribunais já transitou em julgado? E o que sucedeu, afinal? Espero que alguém me ajude a levantar esta minha dúvida, porque os familiares e os amigos e conhecidos, mormente de Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo e Guarda, todos me dizem nada saber de seguro sobre o caso. Ajudem-me, portanto!