Muitíssimo interessante

|Hélio Bernardo Lopes|
Desde que Donald Trump venceu as primárias republicanas que os sinos começaram progressivamente a tocar. Ainda assim, nunca se imaginou que os norte-americanos estivessem tão fartos de Hillary Clinton, e ao ponto de nem sequer ligarem ao apoio de Barack Obama e de mil e um outros que se poderiam imaginar fazerem a diferença.

Tudo foi sendo inventado contra Donald Trump, fosse com mentiras, meias mentiras ou mesmo verdades. O grande problema foi a democracia, mesmo a que persiste nos Estados Unidos, hoje já em franca decadência. Não fora esta realidade e, em boa verdade, só por acaso histórico terreno se poderia ver Donald vencer as eleições presidenciais.

A grande comunicação social europeia – não só – embandeirou em arco contra Donald Trump. Passou a ser moda dizer mal de Donald Trump. Tudo nele seria mau, mesmo péssimo. Ao pé dele, a CIA, mormente para os nossos intelectuais e os ditos da Esquerda – onde ela já vai… –, deixou de ser aquela instituição desde sempre corretamente apontada como criminosa, para passar a ser apontada como sacrossanta. Tornou-se inimaginável que a CIA pudesse fazer batotas ou crimes! Embora se tenha apontado o contrário ao FBI, mal este reabriu o processo de averiguação aos novos e-mails de Hillary... E tudo isto seguido daquele espantoso e silenciado pedido de Obama a Donald para que este não mandasse averiguar Hillary!

Claro está que, no meio de tudo isto, sempre surgem jornalistas corajosos e cuja consciência recusa enfileirar neste tipo de jogadas dos grandes interesses, mesmo travestidos de democratas ferozes. Foi o caso, precisamente, de Ricardo Jorge Pinto, no noticiário da noite da RTP 2, onde explicou que as considerações da eurodeputada Marisa Matias nada condiziam com o que havia afirmado Donald Trump. Disse mesmo – é a verdade – que muitos noticiários só dão certas partes das intervenções do presidente norte-americano, escondendo outras.

Logo de seguida, João Fernando Ramos entrevistou Rodrigo Adão da Fonseca, ao redor da cibersegurança, tendo este esclarecido que o comunicado da comunidade de informações norte-americana nunca disse o que se lhe vem atribuindo. E muito menos que se tenha provado ter existido uma batota por via da tal (suposta) intervenção russa. E ainda mais: as tais supostas provocações em meios informáticos têm sido de todos, desde russos, chineses, britânicos, franceses, americanos ou os que assim conseguem atuar.

Por um acaso, uns milhares de documentos da CIA, recentemente desclassificados, vieram mostrar que os Estados Unidos interferiram em eleições em partes diversas do mundo e desde sempre. Quando hoje os mais velhos que surgem nas televisões nos citam a histórica Democracia-Cristã, fingem não saber que a mesma, em Itália – por exemplo –, era subvencionada pela CIA e com ligações profundas às máfias italianas e à Igreja Católica Romana. Tudo na Democracia-Cristã italiana esteve ligado, depois de 1945, à CIA, à Gládio, às máfias e à Igreja Católica Romana.

Por fim, o inenarrável espetáculo d’O EIXO DO MAL deste passado sábado, com a mui notável exceção de Daniel Oliveira. Depois de Barack Obama ter colocado o mundo à beira de uma guerra mundial e de Hillary Clinton ter utilizado o seu servidor pessoal para manter contactos com o Estado Islâmico, o grande mal do mundo é, afinal, Donald Trump, que pretende pôr um fim nas mil e uma intervenções desastrosas dos Estados Unidos, que vinham de Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama.

Por fim, a cabalíssima perda de reconhecimento da democracia, com manifestações em cidades diversas dos Estados Unidos. Desta vez, parece que os grandes defensores da democracia entendem que a mesma deve não valer. Nem neste caso, nem em França, nem na Alemanha nem nos lugares onde a nomenklatura neoliberal mundial passou a dominar, seja por via de gente da Direita ou da (persistente) dita da Esquerda. Para esta rapaziada, a democracia pode ser, em certas circunstâncias, como o velho comboio espanhol: llega cuando llega. E depois a manifestação lisboeta das mulheres, sobre que me foi dito ter atingido a fantástica dimensão de pouco menos de uma centena. Eu quér’ápláudirr...

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