Chegou agora a nossa vez de mostrar como é

|Hélio Bernardo Lopes|
Quando escrevo o presente texto conheço já o que foi exposto aos portugueses sobre a tomada de posição das autoridades do Iraque ao nosso Governo, na pessoa do Ministro dos Negócios Estrangeiros, ao redor o problema da imunidade diplomáticaa dos dois jovens filhos respetivo embaixador em Lisboa.

E, tal como Rubum Cavaco e o seu advogado ontem terão referido, também eu penso como eles. Se o leitor imaginar um pouco e se conseguir colocar-se na situação de embaixador, facilmente percebe que as coisas são como são sempre, de um modo imensamente geral, assim. Neste entretanto – tem um ou dois dias –, surgiu por aí o tal vídeo com as imagens do brutal espancamento de um conjunto de jovens sobre um colega seu, ao que agora se diz, por uma questão de namoros. Teremos de esperar para poder ficar a conhecer a realidade.

Ora, esta episódio teve lugar, nos termos do noticiado, em novembro de 2016, só agora – quase dois meses depois –, estando a ser interrogados alguns dos jovens que participaram naquela cena de violência, ou que estiveram presentes, sem prestarem auxílio. Porventura, mesmo com alguns a pedirem ainda mais!

De acordo com as notícias, a mãe do jovem brutalmente espancado terá apresentado queixa na PSP da sua área de residência dois dias depois. A grande verdade, porém, é que nada se soube sobre este caso, de que até existia esta gravação em vídeo. Qual milagre, eis que a mesma surgiu nas vésperas da chegada da resposta das autoridades do Iraque, com quase toda a gente a dizer que nada havia sabido, ou do mesmo sido informada.

O que o vídeo nos permitiu ver é uma brutal agressão, marcada por socos e pontapés na cabeça, tudo durante mais de um minuto. Em princípio, uma agressão deste tipo é suscetível de matar ou de provocar sequelas duradouras. Não sendo um desfecho garantido, a verdade é que tudo se teria podido saldar numa morte por via de um brutal espancamento, mais ou menos à molhada.

O espanto deste caso foi tudo ter ficado em nada em matéria informativa, para mais tendo em conta que o caso se reveste de contornos formais em tudo similares ao de Ponte de Sor. A única diferença – o acaso existe mesmo – foi o resultado final aparente. Mas cá estaremos para ver quais irão ser os problemas futuros do jovem cujo espancamento brutal se pôde agora conhecer.

Por fim, iremos poder medir, com grande precisão, o modo como este espancamento é tratado nas nossas televisões, comparando-o com o caso do Rubem Cavaco. Convém recordar os fundamentos apresentados pela nossa grande comunicação social ao redor de certo comunicado da Procuradoria-Geral da República, onde se falava, se a memória me não atraiçoa, em hipótese de homicídio possível. Veremos, agora, o que irá dizer-se desta fantástica sequência de socos e pontapés na cabeça. Poderia dar para matar ou não? E o que têm a dizer a escola e os Ministérios da Administração Interna, da Justiça e da Educação sobre este caso? Bom, ficamos à espera. Um dado é certo: em Portugal, como agora voltou a ver-se, até jovens menores de idade podem fazer o mesmo que o alegado sobre os dois jovens iraquianos. E não é a primeira vez, sempre sem consequências de maior.

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