Mais uma vez a rede

|Hélio Bernardo Lopes|
Sem um ínfimo de admiração, foi como tomei conhecimento da recente Operação O –, ao redor do tema do sangue e seus derivados, digamos assim. 

E não mostrei um ínfimo de admiração por ter tido a oportunidade de visionar o excelente programa da TVI sobre o tema. Objetivamente, nunca me poderia passar pela cabeça pôr no ar um tal programa sem um suporte razoável e fortemente plausível.

De todo o modo e nos termos do que ora se conhece, também este caso nunca foi detetado pelas autoridades competentes, tendo havido a necessidade de ser a grande comunicação social a trazê-lo ao conhecimento da opinião pública. Mesmo médicos, enfermeiros e restante pessoal do setor, os seus sindicatos e entidades reguladoras, nunca se terão dado conta de nada. E se não foi assim, também nada fizeram de adequado ao que seria de esperar.

Como se torna evidente, esta Operação O – só pôde ser realizada com base em evidências muito fortes de ilegalidades diversas. E, como também é já corrente, de pronto nos surgiram os costumeiros choradinhos, pedindo calma e deixando a investigação prosseguir, ou chamando a atenção para a dificuldade de provar a corrupção, ou mesmo para a possibilidade de tudo estar já prescrito. É excelente a atuação das autoridades – não se pode dizer o contrário –, mas colocam-se logo obstáculos potenciais de todo o tipo... De resto, sempre que alguém graúdo está em jogo, logo estas reações surgem nos convidados das nossas televisões. Só nestes casos.

No meu caso pessoal, ao ouvir as notícias sobre esta operação, o que de pronto me ocorreu foi a REDE de Joana Marques Vidal. A tal, que tanta agitação causou nos meios jurídicos e políticos, de pronto lamentando que aquela não tivesse sido mais explícita – cada explicitação a mais seria nova fonte de diz tu, direi eu... Seria o Sistema de Justiça que sairia ainda para uma situação de imagem pior que a que tem já.

Veremos, pois, ao que toda esta Operação O – virá a conduzir, tendo para mim que pouca coisa se acabará por conseguir. E isto porque a nossa ordem jurídica, sem espanto, evita a adoção de critérios que são absolutamente essenciais ao saneamento moral e ético da nossa vida pública. Mais um caso – este – que mostra o enorme acerto da proposta do atual Governo de António Costa, recusada pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, no sentido de controlar os balanços anuais das contas bancárias dos cidadãos. E quem diz balanços de contas bancárias, diz fatores de usufruto antinaturais e não expectáveis. Enfim, vamos esperar, tal como se vem dando com os casos dos nossos banqueiros.

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