Jogar criminosamente com a vida dos povos

|Hélio Bernardo Lopes|
Recordando o filme, MAIS UMA VEZ, ADEUS, aí está a correnteza de atentados terroristas de ontem: Ancara, Berlim, Zurique e Iémen. Mais uma vez, o terrorismo de fundamento religioso. 

Infelizmente, o dia de ontem forneceu um terrível exemplo da qualidade da nossa grande comunicação social. Uma muito má qualidade e uma informação extremamente mal distribuída. O costume.

Sobre o que se passou no Iémen – ontem ou anteontem? –, raras imagens e quase nulos comentários dos nossos ditos especialistas de serviço às nossas televisões. Acerca de Zurique, creio que nem uma imagem. Dos dois restantes, as nossas televisões ocuparam a noite com a mesma imagem sobre o segundo e considerações de passagem sobre o primeiro.

A propósito deste último aspeto, coloco aqui ao leitor esta questão: o que pensa que teria tido lugar se o embaixador assassinado fosse norte-americano e as vítimas do camião fossem russas? Uma questão que, se surgisse num exame nacional do 9º Ano, teria mais de 95 % de acertos.

No meio de toda aquela distribuição de interesses e de tempos das nossas televisões, fiquei espantado com uma troca de pontos de vista entre uma jovem docente da Universidade Católica Portuguesa e um especialista em análise de risco e segurança, que teve lugar na TVI 24. Uma troca de impressões entre quem domina livros e artigos e quem tem a experiência em análise do risco e da segurança no terreno.

Claro está que, desde que se pense um pouco, facilmente se percebe que o caso do assassínio do embaixador russo em Ancara violou todas as regras de segurança. A nossa Polícia de Segurança Pública nunca teria cometido o elementaríssimo erro que teve lugar neste caso. Num país decente, quem coordenou o esquema de segurança ali em jogo já hoje não estaria em tais funções.

De igual modo, o caso de Berlim mostra inquestionáveis falhas de segurança, embora menos flagrantes que as de Ancara. Porque de duas, uma: ou se impedia a realização daquela feira natalícia naquele local, ou colocavam-se meios impeditivos de poder ter lugar o movimento de um camião com bem mais dez metros de comprimento até ao local da festividade. Porque há um dado que se pôde ver e com dor: o camião cabia ali, pôde lá chegar e já tinha existido o caso de Nice. De molde que o que agora sobra é esta pergunta: haverá uma terceira depois destas duas?

O que tudo isto mostra é o modo criminoso como os Estados Unidos – o Ocidente, em geral – brincam com os povos e com a sua segurança. Vêm-se sucedendo os presidentes norte-americanos, sendo que cada um cria novos problemas ao seu país e ao mundo. Hoje, o panorama mundial é o que a comunicação social nos traz a cada noticiário. Tudo está em ver chegar o próximo.

Termino com estas perguntas ao leitor. Primeira: estamos, ou não, a viver um tempo de caos por todo o mundo? Segunda: desejam os povos, ou não, o fim deste caos, com o regresso de uma segurança razoável? Terceiro: se a democracia já hoje não goza de um mínimo de credibilidade – vejam-se as eleições presidenciais norte-americanas –, o que a seguirá? Quarto: ditaduras de cariz religioso por toda a parte? O que pensa de tudo isto o leitor? Portanto: a quem serve este caos? Ainda não consegue perceber?...

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