À atenção dos mil e um visados

|Hélio Bernardo Lopes|

Num destes dias o Papa Francisco lamentou que migrantes, refugiados e pessoas de diferentes raças sejam vistos como inimigos, rejeitando que se levantem muros, construam barreiras e rotulem pessoas.

 Palavras que devem fazer refletir, entre outros, os dirigentes da União Europeia, mas também todos os líderes nacionais que tudo têm feito para evitar que os migrantes passem pelos seus territórios e assim cheguem à vastidão do espaço da União Europeia.

Mas também Israel se encontra nesta situação, depois do muro que ergueu ao longo de grande distância. E quem diz Israel, diz os Estados Unidos, onde George W. Bush ergueu cerca de um milhar de quilómetros de um muro a separá-los do México, ao mesmo tempo que Barack Obama lhes não pôs um fim ao longo dos seus quatro anos de poder. A verdade é que Donald Trump ainda nada realizou em matéria de continuação do referido muro. A ver vamos.

Em todo o caso, uma coisa são princípios, outra a realidade que se vai podendo ver. E uma parte desta realidade é a que se prende com a revelação de certa senhora árabe, a trabalhar na Alemanha no apoio aos refugiados que ali conseguem chegar, e nos quais pôde observar um ódio aos alemães e aos europeus que apresenta um objetivo estratégico. É esta senhora que nos veio agora referir que as crianças refugiadas se recusam a brincar com as sua congéneres alemãs e luteranas ou católicas. E também nos revelou que as respetivas mães, apontando a muito maior descendência nas suas famílias, preveem já, a médio prazo, vir a assegurar os comandos políticos da Alemanha. Como se percebe, de toda a Europa.

É bom que o Papa Francisco tenha em conta esta realidade testemunhada e que também não esqueça o saco roto em que caiu a sua ideia de cada paróquia europeia receber uma família refugiada. E ainda que o Governo legítimo da Síria, no dizer do bispo de Aleppo e do núncio apostólico em Damasco, sempre assegurou a defesa e o apoio à minoria cristã. E também que foram Barack Obama e Hillary Clinton que, por razões do interesse estratégico dos Estados Unidos nos termos da sua visão política, levaram a desgraça à Síria e ao seu povo.

Estas palavras de Francisco atingem, de facto, mil e um no mundo de hoje, incluindo o Ocidente, em geral, e a própria Igreja Católica Apostólica Romana, em particular.