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| |Hélio Bernardo Lopes| |
E uma dessas coisas é a iniciativa recente de deputados alemães, bem como do Governo Britânico ao redor dos crimes praticados contra os homossexuais e outros comportamentos humanos. E isto em contraste total, por exemplo, com a atitude do Vaticano, bem como, por enquanto, com o Estado Português.
Por iniciativa de deputados alemães, surgiu um projeto de lei, ainda em estruturação, destinado a legitimar a indemnização milhares de pessoas que foram condenadas pela sua orientação sexual. As vítimas irão receber três mil euros, mais mil e quinhentos por cada ano de prisão.
O diploma também anulará a pena a pessoas que foram condenadas pela sua orientação sexual, ao abrigo de uma lei que vigorou entre 1871 e 1994. Uma realidade que pode, em todo o caso, encontrar algum obstáculo da CDU, partido de Merkel. E quem diz Merkel e a sua conservadora CDU, diz a Igreja Católica, que, não há muito, expulsou, do modo como se viu, o padre polaco Krzystof Charamsa, com tudo o resto por este agora revelado e sobre que a conjetura permitiria depreender de modo simples. Teria, claro está, de ser assim.
Também o Governo Britânico, há perto de uma semana, anunciou perdoar os homossexuais e bissexuais condenados pela sua orientação sexual, embora se não prevejam indemnizações. Em todo o caso, um ato de grande simbolismo, que tudo faz crer ir desenvolver-se por partes diversas do mundo. Um tema sobre que bem se justifica esperar iniciativas de António Guterres, apesar de ser católico e tendo em conta o modo como a Igreja Católica continua a tratar os homossexuais e todos os que são seres humanos como são.
O que se passou com o padre Krzystof Charamsa e o que este agora revelou, em livro e em entrevistas, mostra bem o modo doentiamente inerte e bem pouco cristão da própria Igreja Católica neste domínio. Será que virão por aqui melhores dias, ou rudo irá ainda de mal para pior? O tempo é um tempo de perigos que muitos ainda não imaginam...