Seria estranho que assim não fosse

|Hélio Bernardo Lopes|
Surgiu há dias, com ares de novidade aparente, a notícia de que desde 1975 o número de portugueses a votar em eleições legislativas não para de cair. 

Como pude já escrever por diversas vezes, seria estranho que não fosse esta a realidade comportamental eleitoral dos portugueses. De resto, em completa sintonia com o rapidamente crescente desapontamento e desinteresse com a famigerada União Europeia e com as terríveis consequências por dela fazermos parte.

Tive também a oportunidade de salientar que a democracia nunca foi uma ideia muito esperada, ou desejada, pelos portugueses ao tempo de II República. Quando nos surgiu o Movimento das Forças Armadas, e depois a Constituição de 1976, os portugueses, naturalmente, experimentaram a novidade e correram às urnas em larga escala. A verdade, porém, é que, em poucos anos, os portugueses se viram atingidos pelo recurso ao mau agoiro de terem de recorrer ao FMI. E, com o recurso mais recente, já lá vão três...

Uns anos mais tarde, os portugueses viram-se atingidos por essa ideia tola de ser Portugal atirado para a União Europeia, situação que se saldou no que se vai podendo ver e cujo desenrolar futuro se pode facilmente prever: um desastre social e humanitário. Além do mais, esta presença no seio da falida União Europeia acabou mesmo por pôr em causa o funcionamento normal da democracia, reduzindo-a a um mero proforma, ou seja, nada de útil para os eleitores e portugueses.

Por tudo o que se escreve atrás, e que todos conhecem bem e dolorosamente, é perfeitamente natural que os portugueses venham decrescendo no seu interesse pelos atos eleitorais e na fé ao redor do valor da dita democracia. O que teria de considerar-se estranho seria que as coisas não fossem assim.

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