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|Hélio Bernardo Lopes| |
BOM SENSO
Bom senso foi o que agora demonstrou Pedro Passos Coelho, ao suspender a sua apresentação do livro de José António Saraiva, a ser lançado proximamente. Foi, indubitavelmente, uma decisão marcada por bom senso, dado que ninguém com algum palmo de classe, desde que tivesse já desempenhado o cargo de Primeiro-Ministro, pudesse vir a operar tal atuação, para mais agora, que já se conhece o tipo do conteúdo do referido livro.
Costuma dizer-se que à primeira todos caem, mas que à segunda só cai quem quer. E assim fez Pedro Passos Coelho, ao que se diz bem compreendido por José António Saraiva. De resto, sendo este filho de António José Saraiva e sobrinho de José Hermano Saraiva, é minha firme convicção que nunca aqueles seus ascendentes veriam como correta a publicação de um livro com o que se diz estar neste contido.
MAU SENSO
Em contrapartida, a decisão das Mulheres Socialistas da FAUL – creio que é esta estrutura que está em jogo – mostraram um enormíssimo mau senso ao convidarem José Sócrates para falar de política num encontro daquela estrutura num destes dias. Vendo este caso com atenção, o mesmo só prejudica a imagem do antigo Primeiro-Ministro e o próprio PS.
Sendo verdade que José Sócrates ainda se encontra numa situação de inocente, nunca tendo, sequer, sido acusado até agora – existem processos sobre figuras públicas muitíssimo mais longos –, também o é que é arguido num processo por fortes indícios de práticas ilícitas penais muito graves.
Como pude já escrever algumas vezes, ninguém hoje fala já do caso Sócrates. Neste caso, porém, instados alguns concidadãos a fazê-lo, de prontos todos interpretaram esta situação como uma procura de ajuda de custo, uma pressão sobre a Justiça e uma tentativa de fazer passar uma imagem do tipo tudo bem. Dada a maneira de ser portuguesa, a generalidade dos nossos concidadãos nunca se pronunciaria sobre o caso, mas, instados a fazerem-no, todos tiram a mesma conclusão. Incluindo gente afeta ao PS, mas fora desta infeliz iniciativa, tão repleta de mau senso.
Formulo agora dois votos. O primeiro é o de que seja José Sócrates a mostrar que, tal como Pedro Passos Coelho, também ele possui o bom senso essencial para declinar o inenarrável convite da tal estrutura do PS. O segundo voto, é o de que António Costa ponha um travão – de pé e de mão – nesta sua recente conversa sobre reformas no Sistema de Justiça, certamente com o apoio do PSD. E porquê? Pois, porque existem políticos do PS e do PSD a braços com a Justiça e por motivos graves.
A verdade é que a correlação existe, pelo que terá sempre de gerar, por associação de ideias, a possível existência de causalidade com a tal situação de políticos do PS e do PSD a braços com a Justiça. Indubitavelmente, existem portugueses com bom senso e outros com mau senso.