O leitor não sabia?

|Hélio Bernardo Lopes|
Com grande espanto meu, foi como num diário deste passado fim-de-semana fui encontrar esta manchete: aeródromos com controlo reduzido. Em mui boa medida, nem cheguei a rir, tal foi o espanto que me acometeu. E isto porque há muito eu mesmo chamei a atenção para realidades deste tipo, envolvendo, precisamente, aeródromos espalhados por todo o País.

Ao conhecido que me acompanhava, sempre silencioso e sorridente, recordei aquela célebre cena de dois caças da nossa Força Aérea que, alertados por Espanha, levantaram voo noturno na procura de certo avião ligeiro, lá pelos lados do Sabugal, tendo mesmo chegado a ter contacto visual, mas acabando por perder-lhe o rasto! Duas realidades objetivamente complementares. Mas duas realidades a que se impõe adicionar a completa ineficácia na localização, no terreno, do lugar onde o referido avião ligeiro acabou por aterrar nas calmas. A coisa, portanto, deve ter continuado.

No tema ora noticiado o interessante é que as diversas autoridades com poder neste domínio de pronto vieram esclarecer que a lei está a ser cumprida, mas são poucos os voos privados a serem fiscalizados, havendo falta de controlo, que potencia o tráfico, o branqueamento e o terrorismo.

E tudo faz crer que depois de caso José Veiga terão havido ordens para apertar mais o cerco. Nada, portanto, de prevenir, apenas e supostamente reagir, levantando-se a questão, perfeitamente natural entre nós, sobre o tempo de vida eficaz das novas medidas.

É bom recordar os mil e um acidentes com aviões ligeiros, situações sobre que, de um modo muito geral, nunca nada acaba por vir a noticiar-se. E também se podem contar pelos dedos de uma mão os trabalhos de jornalismo de investigação sobre todo este tema. Tudo faz crer que o tema só agora foi levantado por via da vaga terrorista que vem atingindo o espaço europeu, depois de muitos dos seus políticos terem semeado ventos em espaços do Islão, cujas tempestades só agora caminham para um pico intenso e muito geral.

Imaginar, preventivamente, que muitos desses aeródromos podem perfeitamente servir para a grande criminalidade organizada transnacional é tema de que nunca se fala, talvez com a exceção deste vosso concidadão que ora escreve, mais uma vez, sobre o tema. E o leitor: nunca se tinha interrogado sobre esta realidade?

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