Porteiros dos interesses

|Hélio Bernardo Lopes|
O leitor conhece já hoje muitíssimo bem o estado a que o mundo chegou, mesmo que pouco ligue à política. Basta que acompanhe, ainda que minimamente, os noticiários televisivos da hora do jantar, ou leia um diário com real qualidade. E tem, claro está, a perceção muito aguda, com esta inenarrável União Europeia, de que nos estamos a dirigir de mal para pior.

Aqui chegados, é fácil concluir que o leitor conhece bem o que se está a passar em Espanha, na sequência das últimas eleições para deputados. Afinal, o PP, mesmo tendo crescido, continua sem poder constituir Governo. Mas talvez já não saiba tão bem que, mesmo sem maioria no Parlamento, existem outras possibilidades similares, mas sem o PP de Mariano Rajoy. Sendo assim, que fazer?

Pois, há dias, Felipe González deu uma sugestão: que o PSOE apoie um Governo do PP, mas abstendo-se no Parlamento de Espanha. Tendo já escutado esta mais que expectável ideia – vinda de González, que outra se poderia esperar!? –, ao chegar ao café logo um amigo me salientou a mesma. Respondi-lhe, então, que González, como tantos outros políticos da extinta Internacional Socialista, foi sempre, em Espanha, um autêntico porteiro dos grandes interesses. Aliás, foi sempre assim com esses políticos, para o que basta olhar o recente caso de Tony Blair.

Neste ponto, dado que referi o antigo Primeiro-Ministro do Reino Unido, convém olhar que, mais uma vez, o Tribunal Penal Internacional passa ao lado do ora apurado. Tal como se deu com George W. Bush. Este organismo só atua com líderes de países africanos, sem que um só responsável por desastres humanitários terríveis seja presente a juízo.

A proposta ora apresentada por Felipe González mostra a razão de ter o mundo chegado ao seu estado atual: os antigos políticos da Internacional Socialista foram sempre os porteiros dos grandes interesses mundiais. Hoje, perante a estrutura objetivamente antidemocrática da famigerada União Europeia, realmente comandada pelo poder alemão, nem uma palavra se dignam pronunciar em defesa, ao menos, do seu povo e da própria democracia. São uma autêntica corja de vencidos da vida e da História. Trafulhas da História, que se diziam defensores de uma leitura inteligente do Tratado Orçamental!

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