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|Hélio Bernardo Lopes| |
Dois desses jornalistas eram Artur Albarran e António Perez Metelo. E um destes jornalistas, a dado passo, colocou-lhe a questão de saber se Portugal, casso assim desejasse, poderia deixar a estrutura europeia do tempo. Num ápice, Aníbal Cavaco Silva respondeu que sim, que poderia deixar essa estrutura se assim desejasse.
O tempo passou, surgiram Jacques Santerre e logo depois Romano Prodi. Este, em certo dia, foi questionado sobre o tema que havia sido colocado ao nosso antigo Primeiro-Ministro, tendo de pronto respondido deste modo: não, quem entra já não pode sair. O contrário, portanto, do que nos havia sido garantido em Portugal.
Bom, o tempo, naturalmente, continuou a passar. Chegou, então, a histórica constituição europeia, que começou por sê-lo, mas logo deixou de assim continuar. Em certo encontro no Salão Nobre da Universidade de Lisboa, três concidadãos nossos muito referentes no domínio em causa, asseguraram que com esta nova constituição – finalmente! – passava a poder sair- se da União Europeia. E as pessoas acreditaram que assim iria ser.
No entretanto, a generalidade dos povos europeus percebeu coisas diversas mas deveras importantes. E duas dessas coisas foram a pobreza crescente para que foram atirados, de parceria com o esgotamento prático e objetivo da democracia. Realidades hoje deveras comprovadas. Aos poucos, cada um dos lesados – são uma imensidão de milhões – começou a ficar farto de ter o seu país na famigerada União Europeia. Um espaço que se havia dito de progresso e de solidariedade, é hoje um terreno de desemprego, pobreza, mesmo fome, e onde ninguém se entende em quase nada e muito menos sobre como sair deste pântano.
Mas os povos europeus perceberam, por igual, que a soberania da generalidade dos Estados deixou de existir, hoje subordinada a técnicos e burocratas europeus, trabalhando para a grande estratégia da Alemanha. E tudo isto quando já se percebe que se prepara, a Ocidente, uma guerra contra a Rússia...
Aqueles britânicos que tiveram de defender com sangue, suor e lágrimas o seu país, de há muito com um modo forte de viver a democracia através de tradições muito enraizadas, recusaram agora continuar a caminhar para o abismo que já estava à vista. Ao contrário surgiu a tal juventude sem história de serviço em favor do seu país, mas com pais e avós com meios para pagar caríssimas propinas e passear pela Europa. Os tais a que se referiu John Major em certa palestra proferida com emoção, onde salientou que só tinham acesso à universidade e ao serviço público os filhos da classe alta do país.
Enfim, os britânicos lá recorreram à legislação em vigor, com um Primeiro-Ministro que, no mínimo, não teve medo de recorrer ao referendo. Os resultados estão agora à vista. Uma verdadeira prática democrática, mas que deixou os burocratas da famigerada União Europeia e os grandes interesses ressabiados. Num ápice, vem-se assistindo a um fantástico ressabiamento desta gente contra os britânicos.
Neste entretanto, depois de mais uma marginalização dos Senhores da União Europeia sobre os seus colegas que eram tratados por Durão Barroso como iguais, eis que cerca de uma dezena destes se determinaram a também reunir, pedindo mudanças na estrutura e nas pessoas que conduziram o espaço europeu ao atual descalabro. Portugal, naturalmente, está fora de todas estas movimentações, aguardando melhor oportunidade. E a verdade é que era Elbrick que se mostrava aflito nos encontros com Salazar, porque Subir Lal mandou a nossa Concertação Social às urtigas. E reações? Ah, palavras e sorrisos tímidos. E aonde se chegará se viermos a ser punidos pelo incumprimento da política do anterior Governo? Ah, discursos ardorosos, mas sempre em frente e cantando e rindo.
Como se pode ver à saciedade, há de tudo nesta famigerada União Europeia. Nós comemos e calamos. Os que hoje comandam a União Europeia nunca imaginaram que do Reino Unido, para mais com Cameron no poder, pudesse surgir uma manifestação objetiva da prática democrática e do orgulho de que são merecedores os britânicos. São dos que não colapsaram na Batalha de Inglaterra, nem cooperaram com inimigo e ocupante, como se deu com os franceses ou levaram a Europa à guerra por duas vezes, como fizeram os alemães. E também nunca pensaram em retirar a palavra Labour do nome do partido. São um grande povo.