O céu de Maio de 2016

O início deste mês é marcado por uma chuva de estrelas que parecem surgir de uma parte do céu (o radiante) muito próxima da estrela eta da constelação do Aquario, daí o seu nome: as Eta Aquarídeas.

Figura 1: Céu a Sudeste pelas 5 horas da madrugada de dia 6. É visível o radiante da chuva destrelas Eta Aquáridas junto com os planetas Saturno e Marte, mais algumas constelações e estrelas de relevo. Igualmente, podemos encontrar a posição de Marte na madrugada de dia 22 e da Lua nas madrugadas de dias 22 e 23. (Imagem adaptada de Stellarium)
Esta chuva meteoros, que não são mais do que pequenas rochas e poeiras provenientes do cometa Halley, tem o seu pico de atividade nos dias 5 e 6. Trata-se de uma chuva de estrelas pouco intensa da qual, em condições de observação ideais, são de esperar uma a duas dezenas de meteoros por hora.

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Neste mesmo dia 6 o nosso satélite natural atinge o seu perigeu. (ponto da sua orbita mais próximo da Terra), e perto do pôr-do-sol desse dia terá lugar Lua Nova. Esta é altura do mês em que podemos contar com as marés mais intensas.

Dois dias depois iremos encontrar a Lua ao pé de Aldebarã, o olho da constelação do Touro.

No dia 9, terá lugar o evento mais marcante do mês: a passagem de Mercúrio diante do Sol (ou trânsito de Mercúrio). Esta efeméride irá ter início às 12 horas e 12 minutos (hora continental) e irá durar até às 19 horas e 42 minutos, com o máximo pelas 15 horas e 56 minutos. Ao longo dessa tarde várias instituições nacionais levarão a cabo a observação deste fenómeno recorrendo a instrumentos devidamente equipados.

Embora Mercúrio passe por entre a Terra e Sol a cada 116 dias (o seu período sinódico), geralmente fá-lo demasiado acima ou abaixo do plano da orbita terrestre (ou da eclíptica) não passando pelo disco solar. Este é o mesmo motivo pelo qual não há eclipses solares a cada Lua Nova. Este evento é incomum ao ponto de, embora o próximo trânsito de Mercúrio tenha lugar em novembro de 2019, o seguinte já só irá ocorrer em 2032.

De notar que observar um pequeno ponto negro contra um fundo brilhante (o Sol) é muito mais difícil do que observar um ponto brilhante contra um céu escuro. Assim o trânsito de mercúrio só será visível recorrendo a binóculos e telescópios.

É importantíssimo recordar que estes instrumentos devem estar SEMPRE equipados com filtros específicos para o efeito ou, à falta de filtros, a luz deve ser projetada contra um ecrã. Em todo o caso a observação deverá feita por períodos curtos de poucos segundos. Olhar diretamente para o Sol sem equipamento apropriado, ou recorrer soluções caseiras tais como o adaptar óculos de eclipse a binóculos ou telescópios, pode mesmo levar à cegueira.

Figura 2: Representação do trânsito de Mercúrio de dia 9 de maio. A informação temporal corresponde à hora legal em Portugal continental.
O quarto crescente terá lugar no dia 13. Entre a meia-noite desse dia e o início a madrugada de dia 15 podemos apreciar a forma como a Lua se terá deslocado desde a constelação do Caranguejo até ao pé de Júpiter, passando ao pé de Régulo, o coração da constelação do Leão, ao início da madrugada de dia 14.

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Por sua vez, na madrugada de dia 18 a Lua já terá chegado até ao pé da estrela Spica da constelação da Virgem. A Lua Cheia terá lugar no dia 21. Junto a ela situar-se-á Marte, planeta que atingirá a posição diametralmente oposta à do Sol no dia seguinte. Esta é a altura do ano em que Marte se encontra mais próximo de nós, apresentando-nos a sua face totalmente iluminada. Assim este planeta irá parecer mais brilhante do que é habitual. Apesar disso (e ao contrário dos rumores que circulam todos os anos) é impossível que Marte atinja o tamanho ou brilho da Lua Cheia (como aliás teremos reparado na véspera).

Junto a estes astros iremos encontrar igualmente Saturno (que será visitado pela Lua no dia 22), e uma estrela cuja cor e brilho tentam "rivalizar" com os de Marte: Antares, a estrela no coração da constelação do escorpião. O quarto minguante de dia 29 marca o final de mais um mês de eventos astronómicos.

Boas observações!

Fernando J.G. Pinheiro
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

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