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|Hélio Bernardo Lopes| |
Vão passados uns bons anos, ao redor do surgimento da crise mundial nascida nos Estados Unidos, quando por aqui começou a surgir a defesa do voluntariado. De um modo muito geral, através de concidadãos ligados à Igreja Católica ou a instituições com ligações históricas a esta. Uma realidade que me levou, então, a chamar a atenção para a armadilha do voluntariado: aos poucos, os voluntários iriam substituir a força de trabalho contratada, permitindo maiores lucros às instituições que os utilizavam e gerando um desemprego crescente na sociedade portuguesa. Bom, sabemos o que acabou por ter lugar...
Nos dias de hoje, como facilmente se percebe, o trabalho voluntário terá sempre que fortalecer a precariedade laboral. Uma realidade hoje muito dominada pelas empresas que gerem o trabalho temporário. Refere a líder do Bloco de Esquerda que tais empresas têm aumentado a sua faturação a um ritmo anual, para lá do facto de que tal realidade bem poderia ser operada pelos centros de emprego. É uma realidade.
Quando a grande maioria dos portugueses rechaçou a anterior Maioria-Governo-Presidente, ela estava desejosa, e esperançada, em que um Governo liderado pelo PS de António Costa, para mais suportado também no Bloco de Esquerda, PCP e Verdes, pusesse um fim paulatino na realidade da exploração do valor do trabalho que aquela força política havia posto em vigor em Portugal e com uma intensidade nunca vista até então.
Para já, faltam passos visíveis neste sentido. É verdade que ainda passou pouco tempo de governação, mas mesmo que apenas ao nível da linguagem é essencial serem dados sinais de esperança com vista a uma sociedade mais justa e humana. Com trabalho precário, como se sabe de há muito, o que sempre acabará por sobrevir é a revolta íntima dos cidadãos e uma queda forte na atitude coletiva de promoção das empresas, dos seus produtos e do próprio País. Objetivamente, o voluntariado, tal como defendido hoje pela Direita, é uma treta. Mesmo uma forma simplória de exploração escravizante.