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|Hélio Bernardo Lopes| |
De há muito defendo a lógica das coisas, desde que se pretenda, de facto, operar uma requalificação ética da política em Portugal – não só: aplicar aos que desempenham cargos públicos a equação de balanço, o que o que recebe – o que declara – de onde provém. A verdade é que, por meras razões doutrinárias ou formais, esta metodologia nunca foi aplicada em Portugal. O resultado é o que se conhece nos dias de hoje.
Em muitos outros países – os que alumiam duas vezes –, esta metodologia está desde há muitas décadas em vigor. Mas é claro que os traços culturais dos povos têm aqui uma importância absolutamente essencial. E, como cada um de nós conhece bem, em Portugal tolera-se quase tudo e com uma calma olímpica, sempre à luz daquela maneira muito portuguesa de estar na vida: não viu, não ouviu, não sabe, não pensa, obedece.
Mas se aquela metodologia ora noticiada seria excelente, tal não dispensará nunca um ensino fortemente virado para a cidadania, a ter lugar na escola, e logo desde a mais tenra idade. E o mesmo se poderá dizer, por exemplo, sobre o racismo e sobre a defesa do valor essencial da Paz ou do dever de auxílio a quem do mesmo possa necessitar.
Veremos aonde esta medida ora noticiada nos levará. Se não surgirem os expectáveis resultados, bom, é porque tudo não passou de mero título de jornal, ou porque tal iniciativa se terá transformado numa borracheira ou em peça teatral. Será, naturalmente, a geral conclusão dos portugueses, de há muito conhecedores do nacionalíssimo método da palmada. Vamos, pois, esperar pelas notícias dos resultados. Para já, estamos à espera dos resultados nacionais ao redor dos Papeis da Mossack Fonseca.