Equação elementar

|Hélio Bernardo Lopes|
Perceber que os Estados Unidos estão na base do caso dos Papeis da Mossack Fonseca constitui-se, de facto, numa equação muito elementar. Já escrevi sobre o caso o suficiente para se perceber ter de ser esta a explicação com maior probabilidade de ser verdadeira.

Acontece, porém, que se sabe hoje com clareza que as palavras do Presidente da Rússia, sobre aquelas dezenas de Estados que compravam petróleo ao Estado Islâmico – já terão parado? – eram verdadeiras e se mostraram certeiras. Do mesmo modo que se conhece o saque operado sobre peças de alto valor patrimonial roubadas em cidades da Síria, que estão ou estiveram ocupadas pelo Estado Islâmico. Tudo coisas que não são de estranhar, porque o mesmo se passou com Estados Aliados, ou a si ligados, com o ouro e outros bens roubados pelos nazis.

Mas Vladimir Putin foi mais longe, acabando mesmo por destruir o Estado Islâmico e permitindo que o Governo legítimo da Síria reocupasse o território do país. A generalidade dos povos europeus, certamente também outros povos do mundo, deram-se conta de que os Estados Unidos, a terem feito o que quer que fosse, foi no sentido de ajudar, direta ou indiretamente, o Estado Islâmico. Só perante a evidência mundial de que a Força Aeroespacial da Rússia estava a pô um fim, de facto, no Estado Islâmico os Estados Unidos se determinaram a mostrar a sua face.

A grande comunicação social ocidental, naturalmente, foi escondendo a ação e os êxistos russos, passando a apontar a dita coligação liderada pelos Estados Unidos como a rainha daquela guerra posta em funcionamento com a ajuda, precisamente, dos Estados Unidos. Uma realidade que permitiu que o poder norte-americano tenha percebido esta realidade: o sonho de sempre parece estar por terra.

Perante tudo isto, Vladimir Putin voltou a explicar o desde sempre evidente: os Estados Unidos são os responsáveis pela divulgação dos designados Panama Papers, que relacionam várias personalidades com empresas opacas em paraísos fiscais. Como se percebe facilmente, já hoje ninguém duvida desta evidentíssima realidade.

Mas o leitor dispõe de várias provas acessórias que mostram que Vladimiir Putin diz a verdade. Por um lado, não surge ninguém norte-americano, ou com origem norte-americana, nos papeis. Por outro lado, ao nível dos políticos ocidentais os efeitos são nulos. E depois, esta fantástica máquina de crime, ao contrário do defendido por Artur Santos Silva e Luís Marques Mendes, vai continuar a existir e a realizar a sua função. Sendo três provas acessórias, elas acabam por constituir-se numa autêntica prova real. Ou seja: uma simples equação elementar.

Perante este impasse, os Estados Unidos começam agora a virar-se para o fim – e cabal, claro – das armas nucleares. Com a sua posse, a Rússia e a China não podem ser atacadas. Mas os anericanos acredditam que, sendo dominadores do mar e do ar – acreditam mesmo nisto –, uma guerra convencional terminará a seu benefício. Espero, pois, que Vladimir Putin não se deixe levar por uma estratégia neogorbacheviana, porque o resultado será mais um enxovalho à Rússia e aos seus povos. Não tivessem sido criadas as armas nucleares e a guerra já estaria aí por toda a Europa.

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