E de novo a rede

|Hélio Bernardo Lopes|
Penso já não existirem dúvidas sobre a razão que esteve na base da célebre e histórica exposição da Procuradora-Geral da República ao redor da existência de certa rede criminosa. 

De resto, as patéticas reações que tal afirmação suscitou foram logo a prova de que Joana Marques Vidal havia tocado num cacharolete de campainhas e de sensibilidades.

A verdade é que a sucessão dos dias e das noites prossegue, sendo que a cada dia que chega assim sucede, por igual, com novos dados que ajudam a compreender o tal conceito apresentado por Joana Marques Vidal e desde sempre percebido por parte dos mais probos e atentos.

Pois, ontem mesmo, logo pela manhã, mais um leque de novidades nos chegou, o que até me impediu de viver mais uma horita de sono. Em poucas palavras, a situação é, naturalmente, do tipo soma e segue. Tal como ontem escrevi, tudo está em procurar, porque em mui boa medida acabarão por encontrar-se dados relativos à tal evidentíssima e expectável rede apontada pela Procuradora-Geral da República. Esperemos, pois, pelo final desta nova ação judiciária.

Desta vez e nos termos da nota da Procuradoria-Geral da República, entre os suspeitos, estão técnicos de administração tributária, inspetores tributários, chefes de finanças, um diretor de serviços da Autoridade Tributária, um diretor de finanças adjunto, um membro do Centro de Estudos Fiscais e Aduaneiros, advogados, técnicos oficiais de contas e empresários.

Assim, nos termos da referida nota, em causa estão alegadas ligações que terão sido estabelecidas entre alguns suspeitos, funcionários da Autoridade Tributária, e técnicos oficiais de contas, advogados, empresários, outros prestadores de serviços na área tributária e contribuintes que se mostrassem dispostos a pagar quantias monetárias ou outros proventos para que lhes fosse fornecida informação fiscal, bancária ou patrimonial de terceiros e consultadoria fiscal, investigando-se, pois, suspeitas da prática, por parte de trabalhadores da Autoridade Tributária, de atos violadores dos respetivos deveres funcionais, a troco de dinheiro ou de outros bens. Bom, caro leitor, simplesmente fantástico, mas não para quem conheça o modo português de estar na vida e os mil e um graus de liberdade entretanto conseguidos com o conhecido desinteresse dos portugueses pela ética na política.

Mas se tudo isto é verdadeiramente imenso, também a intervenção das autoridades o teria de ser. Deste modo, depois de realizadas uma centena e vinte de buscas na região de Lisboa, foram operadas quinze detenções. E, nos termos do noticiado, terão sido mobilizados juízes, procuradores e polícias, tudo num total de mais de duzentos elementos.

Espero, pois, que a Procuradoria-Geral da República continue a atuar a esta cadência, porventura acrescida, porque o que está em jogo ao nível da tal rede é incomensuravelmente maior. E espero também que a classe política não deixe de tributar a Joana Marques Vidal a sua confiança, voltando a outorgar-lhe a condução das suas atuais funções. A menos que Joana entenda ter já feito o trabalho que a Comunidade Nacional de si sempre terá esperado.

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