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|Hélio Bernardo Lopes| |
É claro que qualquer um que tivesse estado atento às conversas de rua durante a campanha eleitoral teria percebido que a esmagadora maioria dos portugueses estava como tantas vezes eu mesmo referi: pelas pontas dos seus maiores cabelos com o Presidente Cavaco Silva e com o Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. O grande objetivo estratégico da grande maioria dos portugueses era afastar este terno da nefanda influência que tiveram sobre a vida da grande maioria dos portugueses.
Acontece que a atual coligação continua a manter vivos os valores de cada um dos partidos que apoiam o atual Governo de António Costa. A verdade é que o mundo é plural e nem sempre o facto de se ter razão deve levar a um qualquer suicídio político em nome da coerência em face de um conjunto de valores político-ideológicos. Há muito tempo histórico pela frente.
É por esta razão, e por aquele sentimento muito distribuído pela comunidade portuguesa durante o tempo eleitoral, que peca por irrealismo a afirmação do PSD sobre o Bloco de Esquerda e o PCP: estão vendidos ao perfume do poder. O problema ultrapassou em muito o domínio do ideológico, porque o Bloco de Esquerda e o PCP souberam perceber o sentimento muito geral dos portugueses, cada um com os seus valores para a organização da nossa sociedade.
Ao recusarem um conjunto de audições parlamentares, o que o Bloco de Esquerda e o PCP fazem é evitar o inútil espetáculo que se pretendia com as mesmas. Até porque tudo está já hoje cabalmente esclarecido. E só se chegou ao que se viu, porque assim o determinou uma grande comunicação social que vive sempre carente de sensacionalismo. E da bola nossa de cada dia, claro está.
O que esta reação do PSD veio agora mostrar é o clima de pânico que estará a iniciar o seu desenvolvimento no interior do partido, à medida que a coligação que suporta o Governo de António Costa se vai mostrando tão plural no plano ideológico como unida no mandato claro dos portugueses, e que foi o de manter longe do poder os dois partidos da Direita que bem desgraçaram Portugal e a maioria dos portugueses.