Em 2015 houve 381 dadores e foram realizados 830 transplantes. Estes números representam uma melhoria significativa que já se antevia em 2014 mas Portugal está ainda aquém do potencial de colheita e transplantação. “Se se tivesse mantido a tendência crescente de 2009 e 2010 seguramente estaríamos melhor mas uma discutível reformulação das responsabilidades da tutela na transplantação e algum desinvestimento em 2011 e 2012 fizeram parar e perder muito do trabalho que já estava feito pela antiga Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST). Ainda hoje não são completamente claras as fronteiras entre as responsabilidades da Direção Geral de Saúde (DGS) e do IPST. O IPST reconhece que não tem os meios adequados para coordenar efetivamente este campo de atividade”, defende Fernando Macário, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação.
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Fernando Macário refere também que as discrepâncias regionais se mantêm. “As discrepâncias no transplante de cadáver são ainda marcadas. Temos unidades hospitalares que não detetam todos os potenciais dadores e colhem órgãos muito aquém do que deveriam, uma situação relativamente à qual temos lançado repetidos alertas. É também necessário repensar a rede de coordenação da colheita. As estruturas oficiais não têm capacidade para auditar e vigiar esta atividade. Os registos da atividade ainda são arcaicos e a informação não circula entre os profissionais da área.
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O Presidente da SPT repara ainda que continua a haver uma média de 130 órgãos, principalmente rins, que são colhidos mas não são aproveitados. A explicação passa pela elevada idade média e morbilidade dos dadores. Mas não só. “Na zona Centro e na zona Norte os hospitais de transplantação têm a capacidade para fazer exames de anatomia patológica aos rins colhidos sempre que é necessário e assim avaliar se podem ser utilizados. Isto é fundamental nos dadores de critérios expandidos (com mais idade ou patologia prévia), que são a maioria nos dias de hoje. Mais grave, é o facto da zona de Lisboa onde estão a maioria das unidades de transplantação não ter capacidade de resposta para a realização de biópsias do enxerto renal sempre que necessário. Assim, alguns dos rins de dadores mais idosos ou com patologias que poderiam ser aproveitados são rejeitados”, explica Fernando Macário.
“Além do esforço que está a ser feito na área da colheita de órgãos também é necessário apostar na formação de recursos humanos na área da transplantação e na melhoria das condições de algumas unidades de transplantação”, conclui o presidente da SPT.