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|Hélio Bernardo Lopes| |
Achei muito interessante a passagem do nosso concidadão, ao referir que gosta de Portugal, gosta de cá estar, pensando que, por muitas que sejam as dificuldades, se está sempre melhor aqui. Pois, caro leitor é a mais objetiva verdade, porque só com enormes dificuldades se pode deixar de ver tudo o que nos rodeou desde o nascimento. Custa muitíssimo.
Também achei muito interessante a constatação da evidência de que muitas das atuais políticas são insuficientes para travar o declínio que estamos a viver, em relação ao qual, na sua história, o PS não tem poucas culpas, já que ao longo destes quarenta anos foi governando alternadamente com o PSD e o CDS, sendo os três responsáveis pelo estado a que chegou o País. E logo referiu que existem perigos que pesam sobre a democracia portuguesa. A evidência!
Mas o maior interesse desta entrevista reside na referência que faz ao facto do anticomunismo sempre ter estado latente na nossa sociedade. E tem a mais cabal razão, porque foi sobre o comunismo, em particular sobre o PCP, que se lançou toda a carga odiosa das nossas ditas elites. Incluindo situações que envolveram aspetos criminais ou de golpismo completamente inexistentes. Hoje já se conhece tudo bem e sabe-se já das mil e uma mentiras que se foram tentando plantar.
Claro que o recente apoio parlamentar dado ao Governo de António Costa ainda hoje se constitui num osso como o que acabou por levar Puccini à morte, depois de se lhe ter atravessado na garganta. A Direita de hoje tem todas as razões para se sentir defraudada, porque sempre viu o PS como um instrumento para o seu exercício do poder. Um exercício mais direto ou menos direto.
Mas Domingos Abrantes, se realmente conseguir ser completamente objetivo, terá de concluir que a democracia, tal como desde sempre concebida, e de algum modo praticada, faliu. E faliu porque o capitalismo também está a falir. Para nós, Portugal, a presença na União Europeia é idêntica a estar-se numa parceria com a antiga URSS, mas sem KGB, como tão acertadamente referiu Porfírio Silva.
Por fim, a parte mais engraçada, embora por igual acertadíssima, e que é o que nos diz de António Barreto. Eu mesmo escrevi, há alguns meses, uma referência a Barreto, onde expunha, precisamente, o que nos diz agora Domingos Abrantes. E por isto mesmo daqui aconselho vivamente o leitor a procurar ler esta interessantíssima entrevista de Domingos Abrantes, porque não lhe falta um ínfimo de razão.