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|Hélio Bernardo Lopes| |
Este mecanismo, reprodutor do ambiente dos velhos CÃES DE GUERRA, acabou por levar a uma violação muito ampla dos Direitos Humanos, assim conseguindo deixar de fora a responsabilidade criminal dos Estados Unidos e do Reino Unido e dos seus chefes militares. Embora sendo este o seu principal objetivo, a verdade é que tal mecanismo se tornou imensamente mais dispendioso.
Com alguma ironia, estes cães de guerra até permitem defender a existência de uma diminuição forte do desemprego, embora paga a peso de ouro. Mas, há que reconhecê-lo, esse peso acabe, mais tarde, por vir a ser compensado pela fantástica riqueza derivada da necessidade de reconstruir os países entretanto destruídos. Para já não falar dos benefícios oriundos da venda maciça de material militar aos paupérrimos Estados do Terceiro Mundo.
Como teria de dar-se, estas empresas, de um modo muito geral, são dirigidas por antigos militares e por agentes da CIA já fora do serviço, mas sempre trabalhando em íntima ligação com os seus antigos patrões. E todo o ambiente de guerra civil se suporta na mirífica ideia de se criarem democracias – do melhor tipo, obviamente – nesses Estados lançados na guerra. As primaveras árabes são disto mesmo o melhor exemplo, de parceria com as históricas armas de destruição maciça do Iraque, mas que, como sempre se soubera, não existiam. Uma realidade que, por ter sido desmascarada por Chirac e Dominique de Villepin, valeram a este um processo-crime fraudulento e a posterior vitória de Sarkozy. A democracia ocidental, portanto.
Pois, caro leitor, é no meio desta antecâmara para a nova guerra mundial, já a decorrer aos pedaços – tem-no dito o Papa Francisco, naturalmente bem informado –, que Durão Barroso nos vem agora dizer que o mundo é ainda mais perigoso quando nenhuma superpotência faz valer a sua hegemonia de modo inequívoco! Quase não dá para acreditar, mas a verdade é que Durão Barroso sabe muitíssimo bem que tal situação só seria possível com uma terrível híper-ditadura mundial, comandada por alguém sem representatividade ínfima. Os Estados Unidos, portanto. Ou seja, numa situação de plena ausência de funcionamento de um ínfimo de democracia.
De tudo isto há conclusões que podem já retirar-se: tinha Álvaro Cunhal a mais plena razão quando apontou os grupúsculos como o de que fez parte Durão Barroso de pequena burguesia de fachada socialista; a democracia está já a caminhar para o seu fim, ou não existiria o despudor de fazer uma tal afirmação; e toda a doutrina pacifista brandida pelos mil e um intelectuais do mundo foi chão que deu uvas, porque a generalidade dos mesmos acabou por vender a alma ao Diabo.
Embora sem o desenvolvimento aberto de um novo conflito mundial – desta vez será com armamento nuclear –, a verdade é que os Estados Unidos, apoiados pela histórica fraqueza europeia, têm dado passos essenciais para o dealbar do mesmo. Graças às tais empresas de mercenários, pode até dizer-se que os militares norte-americanos nada terão que ver com tal desfecho. Para já, a doutrina de Gene Sharp, levada ao terreno pelos homens da CIA ou do Pentágono, ainda vai embarretando muita gente. Ingénua ou cúmplice.