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|Tânia Rei| |
Bom, apesar de não ter nada de wow! para partilhar sobre este dia (até porque acho que ninguém quer ver fotografias minhas com meias grossas e um cobertor enrolado, a fazer de iglu, enquanto vejo televisão), o que mais me deixa feliz é que no dia seguinte não tive de ouvir os relatos exaustivos sobre “o quão maravilhoso foi o dia”. Ou não. Haverá sempre o que apontar.
O dia seguinte, a ressaca do dia do amor, é do pior que podem fazer aos solteiros, ou àquelas pessoas cuja existência numa relação não incluiu surpresas espectaculares e viagem de sonho.
“E depois ele deu-me uma rosa, pegou com a mão esquerda, depois com a direita, fez de conta que não ma ia dar, mas depois!... o que é que é istooooo! Fez um truque, esticou a mão e… deu-ma! DEUUUUU-MAAAAAAAA!!!!!!”. É que, ena pá, não é preciso, a sério.
Houve quem, por motivos que desconheço, não tenha partilhado no próprio dia as imagens deste acontecimento glorioso. Então guardou para segunda-feira todas as emoções. E as redes sociais estagnaram, quero crer porque é difícil avançar num campo informático coberto de mel. É que o mel cola, e pode estragar as coisas.
Não tenho nada contra o amor e quem se ama, juro que não, e sem fazer figas atrás das costas. Acho muito bem que se viva o amor, dentro e fora do Dia dos Namorados. Só não acho bem que tenhamos de acompanhar em direto ou em diferido (os “tais” casos do the day after) as maluquices que se fazem no 14 de Fevereiro, em nome do amor.
Também foi dia, e nos seguintes, de os solteiros e em casos semelhantes, expressarem que o que é bom é andar na gandaia, sem compromissos e com a carteira mais recheada neste dia (é que se gasta muito, avaliando comes e bebes, prendas, roupas e mega produções para a intimidade). Houve quem aproveitasse, até, para mandar umas bocas foleiras sobre “podíamos ser nós, só que não vai acontecer por mais anos que vivas.”
Eu, pessoalmente, e como já disse acima, não tenho nada para partilhar. Talvez esteja só ressabiada, mas posso estar também a salvar vidas. É que, pensem nisto: o tal São Valentim foi mártir. Morreu por causas ligadas ao amor dos outros. Então, se para haver este dia já houve uma morte, justifica-se continuar a martirizar os amigos, conhecidos ou meros transeuntes com corações e cenas vermelhas? É pá, guardem a palavra “surpresa!” para o final da bola, que o campeonato sim, está emocionante.