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|Hélio Bernardo Lopes| |
A verdade é que, depois de olhar para o relógio, disse para comigo: não perdi muito, porque esta malta deve estar toda a dizer mal do esboço de Orçamento de Estado, do Governo e do próprio País. Bom, acertei.
Lá estavam os nossos jornalistas, os nossos comentadores e muitos políticos, hoje na oposição, a botar a sua faladura, cabalmente alinhados com os líderes dos Estados estrangeiros – os tais que mandam em nós, mas são em tudo iguais...–, enfraquecendo, naturalmente, a posição de Portugal e do Governo Português.
Entrados no caso da epidemia do Zica, disse para a minha mulher: o Salazar, lamentavelmente, tinha razão, porque esta malta alinha sempre com o poder que pretende mandar em nós. E citei-lhe o caso da oposição à II República, acusando o Governo de alinhar com os Estados do Eixo, por via da nossa neutralidade oficial e internacionalmente aceite, para logo depois apelidarem o Governo de então de estar a hipotecar a soberania de Portugal ao conceder os benefícios aos Estados Unidos, em face da exigência incondicional dos mesmos sobre os Açores.
Hoje, tantos anos já passados sobre a Revolução de 25 de Abril e muitos mais sobre esses tempos da última grande guerra, não duvido, um mínimo que seja, de que no caso de Portugal se ver invadido como se deu com a França em face dos nazis, a generalidade dos portugueses preferiria sempre colaborar com o invasor que bater-se contra ele. Sobretudo, os portugueses mais afortunados com a vida ou com melhor situação social.
Seguir a grande comunicação social portuguesa destes dias faz-me lembrar uma orquestra a tocar uma sinfonia acertadamente, em face de um público que nunca desejou tal acerto nem sinfonia e perante um maestro perplexo com tamanha unidade e uniformidade, mas que não se encontrava na partitura. Faltava prestar atenção aos ouvidos dos músicos, porque neles se veria a aparelhagem que transmitia a orientação subjacente a tal unidade. E é o que hoje se passa em Portugal: eles mandam, nós teremos de obedecer e não piar. E mais: independência sempre, mas com (a dita) democracia!